A Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica em Portugal, que divulgou ontem o relatório "Dar voz ao silêncio", confirmou ao JM que na base de dados tem "14 testemunhos (de vítimas) da RAM", que identificam seis abusadores ligados ao meio eclesiástico.

No seguimento do esclarecimento ao Jornal, a mesma fonte adianta os relatos recolhidos ajudaram a identificar seis indivíduos e "esses foram comunicados ao bispo pelo Grupo de Historiadores, para trabalho nos arquivos".

O esclarecimento surge depois de dúvidas criadas pelo facto de o relatório "Dar voz ao silêncio" ter assinalado "14 casos em três concelhos da Região Autónoma da Madeira (Funchal, 12 casos; Câmara de Lobos, 1 caso; Machico, 1 caso)". Agora, explica a referida comissão que as 14 testemunhas terão ajudado a formar acusação contra seis elementos ligados à vida religiosa.

Refira-se que numa resposta enviada ontem ao Jornal, o Gabinete de Informação da Diocese do Funchal já informava que o relatório identificava 6 casos.

Explicando: "Temos casos já conhecidos como o padre Frederico e o padre Anastácio e um mais recente de um catequista de uma paróquia da cidade do Funchal. Alguns casos apontados não têm o nome do agressor. Todos os casos são tomados a sério pela Igreja".

A Comissão independente validou um total de 512 testemunhos de abuso sexual na Igreja Católica e 4.815 vítimas.

De acordo com a Comissão Independente, coordenada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, anunciou que a lista de padres abusadores que estão no ativo será entregue à Conferência Episcopal Portuguesa até o final do mês, sendo que "nenhuma lista de abusadores será pública".

Para o dia 3 de março está já agendada Assembleia Plenária Extraordinária da Conferência Episcopal Portuguesa onde serão apontadas "medidas concretas a desenvolver" na Igreja Católica em Portugal.

Guadalupe Pereira