O Clube de Ecologia Barbusano, da Escola Secundária de Francisco Franco, realizou no passado dia 11 de novembro, uma ação de sensibilização focada na mobilidade sustentável, tendo como orador convidado o professor universitário Hélder Spínola.

O docente da Universidade da Madeira, iniciou a ação, explicando o conceito de sustentabilidade, relacionando-o com a gestão sustentável de vários recursos naturais. Enfatizou que a gestão insustentável destes recursos tem criado problemas graves, como a emissão elevadíssima de gases de efeito de estufa (GEE) para a atmosfera, o que tem agravado o aquecimento global e as consequentes alterações climáticas. Chamou, igualmente, a atenção para a poluição que está a afetar o ambiente marinho, nomeadamente ao nível dos microplásticos, os quais contaminam as cadeias alimentares, tendo inclusivamente já sido observados no corpo humano (placenta, cérebro) e para os seus efeitos na saúde.

No sentido da mitigação destes problemas, enumerou um conjunto de medidas, que passam pelo consumo comedido dos mais variados bens (vestuário, calçado), pela moderação ao nível do consumo alimentar, entre outros, visto esta mudança de atitude se refletir na preservação dos recursos naturais e numa diminuição da poluição. Mencionou igualmente a pegada ecológica, que neste momento já ultrapassou a capacidade do planeta e que não é fácil diminuir tendo em conta o crescimento da população mundial.

Este investigador debruçou-se seguidamente sobre a questão da mobilidade, tendo aludido ao passado nómada da humanidade na procura dos recursos naturais, como era o caso da caça. Neste contexto, explicou que na atualidade a mobilidade para o local de trabalho é também uma forma de garantir os meios financeiros necessários para a aquisição dos bens/recursos. Relembrou que as sociedades atuais têm hábitos diferentes do passado e que implicam uma mobilidade associada ao lazer e ao turismo. Este modo de vida contemporâneo resulta num número excessivo de veículos em circulação, o que tem originado congestionamentos do trânsito e poluição atmosférica e sonora (causadora de problemas de saúde), pelo que se justifica que repensemos no modo como nos deslocamos. Face a esta problemática, o Professor Hélder Spínola enumerou um conjunto de medidas no sentido de uma mobilidade sustentável, tais como, a deslocação a pé, o uso de bicicleta, de trotinete, dos transportes públicos e a partilha do automóvel.

Relativamente aos transportes públicos, foi destacado que esta forma de mobilidade tem de ser vantajosa relativamente ao transporte particular. Neste sentido, e entre outras medidas, é fundamental assegurar uma frequência das diferentes carreiras que responda às necessidades dos cidadãos e que se crie corredores para os autocarros, para que estes circulem com “fluidez”, independentemente do estado do trânsito. Por outro lado, deverá penalizar-se o uso do automóvel, como por exemplo, encerrando algumas ruas à sua circulação. Por último, foi enfatizado que o aumento da rede viária induz um acréscimo do tráfego rodoviário e, consequentemente, aumenta os congestionamentos do trânsito e da poluição. A aposta deverá ser na melhoria do transporte público em detrimento do transporte particular.