No discurso que marcou as comemorações dos 524 anos do concelho da Ponta do Sol, a presidente da Câmara Municipal, Célia Pessegueiro, aproveitou para prestar contas do trabalho desenvolvido ao longo dos últimos oito anos, mas também para deixar duras críticas ao Governo Regional, que acusa de não dar resposta às legítimas reivindicações da população.

Entre os exemplos apontados, destacou-se a Estrada dos Anjos, classificada como “um ponto turístico de grande visibilidade”, mas que “apresenta várias zonas de perigo”. Segundo a autarca, a Câmara elaborou e entregou um estudo com propostas de intervenção ao secretário regional das Infraestruturas, mas “continua a aguardar resposta”. Célia Pessegueiro lembrou que esta via foi transferida para o município em 2013, sem que tivesse sido feita uma avaliação do seu real estado de conservação ou dos custos de manutenção.

A presidente da Câmara insistiu ainda na urgência de avançar com a Via Expresso para os Canhas, promessa feita pelo presidente do Governo Regional, mas que “continua sem sair do papel”. Para a autarca, trata-se de uma obra essencial, não apenas para aliviar o trânsito, mas sobretudo por razões de segurança, uma vez que as atuais condições da via dificultam o socorro em casos de emergência.

Outro dossiê apontado foi o da Marina do Lugar de Baixo, que, nas palavras de Célia Pessegueiro, “continua a ser uma ferida aberta na paisagem”, exigindo uma verdadeira requalificação.

A autarca lamentou ainda que desde 2012 não tenha sido assinado qualquer contrato-programa entre o Governo Regional e a Câmara da Ponta do Sol, sublinhando que a última parceria remonta ao tempo de Alberto João Jardim. “Uma obra estruturante, como o estacionamento da vila, que permitiria o desenvolvimento do coração do concelho, deveria merecer o apoio do Governo Regional. Infelizmente, continuamos sem resposta”, criticou.

Apesar das críticas, a autarca reafirmou a determinação do município em continuar a investir no futuro da Ponta do Sol. “Não se trata de picardias políticas. Trata-se de garantir que este concelho recebe aquilo a que tem direito, numa justa distribuição dos fundos e das oportunidades de desenvolvimento”, rematou.

Célia Pessegueiro apresentou um balanço positivo do seu mandato. Sublinhou o crescimento da construção civil e do turismo, que mais do que triplicou o número de camas disponíveis e gerou novos empregos. Destacou a recuperação da agricultura, em especial na banana e na cana-de-açúcar, e a criação da taxa turística, cujas receitas estão a ser aplicadas em obras de mobilidade, ambiente e valorização do património natural. Referiu ainda os investimentos na modernização dos serviços camarários, a aposta na habitação com apoio a famílias e projetos próprios, bem como a recuperação do número de habitantes após anos de perda populacional.