O candidato a Presidente da República, apoiado pelo PCP, apresentou esta manhã cumprimentos à presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, Rubina Leal.
António Filipe está a realizar uma deslocação de dois dias à Madeira, onde irá manter contactos com instituições da Região, mas também com os eleitores nas ruas e com estudantes da Universidade da Madeira.
“Tenho indicações de uma boa recetividade à candidatura. Mantive, enquanto fui deputado da Assembleia da República, uma ligação que procurei ser estreita relativamente à região autónoma, participei em inúmeras discussões parlamentares relacionadas com a região autónoma, desde o Estatuto Político Administrativo às sucessivas versões da Lei das Finanças Regionais. Tive a oportunidade de participar nessa discussão, enquanto membro da Comissão Parlamentar da Assembleia da República, e fi-lo sempre com uma grande compreensão relativamente à importância da autonomia, inclusivamente na revisão constitucional de 2004, em que houve um aprofundamento da autonomia das regiões autónomas”, disse.
“Participei muito empenhadamente nesse processo, e até diria que se essa revisão tivesse sido circunscrita à questão das regiões, teria votado favoravelmente essa revisão constitucional. Só que depois houve outras matérias, desigualmente a nível europeu, que levou a que o voto fosse contrário, mas no que se refere ao aprofundamento da autonomia das regiões, a revisão constitucional de 2004 foi importante, significou um processo importante, e aliás com aspetos que ainda estão por concretizar”, acrescentou.
Para o candidato António Filipe, “uma das grandes conquistas da democracia portuguesa foi a autonomia das regiões autónomas. Independentemente do juízo que se faça sobre a composição dos órgãos do governo próprio das regiões, eu creio que a autonomia é um bem em si próprio para as regiões e para o conjunto do país, para a coesão nacional”.
Sobre os contactos que tem mantido com os madeirenses, o candidato referiu que tem “recebido manifestações de carinho, de apreço, por parte de muitas pessoas, mesmo de pessoas que não partilham as [suas] convicções políticas, mas que reconhecem que estaria em condições de desempenhar bem o cargo de Presidente da República”.
Relativamente às preocupações que lhe têm sido transmitidas, o candidato apontou para os salários baixos.
“Nós somos um país com salários muito baixos, temos problemas sociais não resolvidos, que têm a ver com baixos salários, com precariedade laboral, e nós continuamos a ter um país com uma economia muito assente em setores que pagam baixos salários, e aqui na Região o setor do turismo tem um peso enorme e é um daqueles setores que de facto vive muito na base de salários baixos. Essa é uma questão importantíssima”, disse, considerando que “a economia portuguesa não se desenvolve se continuar a assentar em baixos salários, porque isso arrasta outros problemas, arrasta o problema da falta de acesso à habitação, em que devido à especulação imobiliária as pessoas não têm dinheiro para poder aceder a uma habitação condigna com os salários que recebem”.
Esse problema é “particularmente dramático” para os jovens que se querem autonomizar e “não o conseguem fazer”.
Relativamente à proposta de realizar um evento em Lisboa para assinalar os 50 anos da Autonomia, António Filipe mostrou-se a favor da iniciativa. “Não tenho nada contra isso. A Autonomia é importante para o conjunto do país, é fundamental para as leis autónomas, mas é uma aquisição importante do país e, portanto, pela minha parte, não teria nenhuma oposição a isso”.