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25 de Abril: ‘que o estudo da Universidade Católica sirva para despertar as consciências adormecidas’, espera o presidente da ALRAM

Data de publicação
12 Outubro 2024
14:09

‘25 de Abril: permanências, ruturas e recomposições’ é um livro que surge na sequência do trabalho desenvolvido num projeto de investigação do Centro de Estudos de História Religiosa (CEHR) da Universidade Católica Portuguesa. A pesquisa incide sobre “o processo de transição democrática em Portugal”, abordando “diferentes questões em torno da religião, das práticas de fé, das convicções e dos seus diversos elementos e níveis institucionais e confessionais, atentando às permanências, ruturas e recomposições verificadas”.

O presidente do Parlamento madeirense presidiu ao evento de lançamento da obra na Madeira, e de acordo com José Manuel Rodrigues é “o melhor local para a apresentação deste estudo”, por se tratar da “sede da Democracia, mas também baluarte da Autonomia, duas conquistas que andaram sempre de braço dado, ao longo da nossa história dos dois últimos séculos”.

O presidente do primeiro órgão de Governo próprio da Região até admite que haja desilusão “sobre o estado do nosso Portugal”, mas lembrou a importância do 25 de Abril no caminho democrático e de desenvolvimento, encetado pelo país em 1974.

“Podemos entender que, com os recursos disponíveis, deveríamos ter um país mais desenvolvido e mais sustentável, com direitos iguais para todos; podemos nos indignar por haver ainda tanta gente sem uma casa para viver; podemos pensar que não é admissível, como acontece, condenar mais uma geração à emigração; podemos contestar as gritantes desigualdades sociais e assimetrias sociais que ainda prevalecem; podemos protestar contra a falta de oportunidades para todos; mas há uma coisa que não podemos esquecer: o 25 de abril valeu a pena e o Portugal de hoje nada tem que ver com o Portugal de há 50 anos, e isso faz toda a diferença no juízo que fazemos sobre a instauração da Democracia”, salientou o José Manuel Rodrigues.

“Como se escreve na introdução deste livro «...uma revolução não se faz num dia...», sobretudo quando visa a criação e aperfeiçoamento de um Estado de Direito Democrático, e por isso ela é uma luta permanente pelo Bem Comum, essencialmente quando grassa a descrença sobre o nosso sistema político, quando reina a desconfiança sobre os seus atores e quando forças populistas emergem por toda a Europa, pondo em causa o pluralismo, a diversidade e os direitos fundamentais duramente conquistados ao longo de anos.

Que o vosso estudo sirva para despertar as consciências adormecidas!”, concluiu, em tom de apelo, o presidente da Assembleia Legislativa da Madeira.

O livro ‘25 de Abril: permanências, ruturas e recomposições’ estrutura-se em torno de quatro temáticas fundamentais: “a Guerra, a Descolonização, a Democracia e o Desenvolvimento”. Foi um trabalho coordenado cientificamente pelo Centro de Estudos de História Religiosa (CEHR) e editado pela Agência ECCLESIA.

Edgar Silva, investigador do CEHR, que coordenou a temática da Guerra – “Conflito de paradigmas sobre o país e a religião”, destacou que a obra, no seu conjunto, pretende “lançar pistas de diálogo com a sociedade portuguesa, com as várias realidades sociais, culturais e políticas do país, para projetar caminhos de construção de um Portugal melhor.”

A obra conta com contributos multidisciplinares, com base historiográfica, e pretende “reconhecer e identificar o 25 de Abril como um acontecimento de repercussão significativa para o país, no que trouxe de transformação estrutural da sociedade portuguesa”, aclarou Edgar Silva.

Já Liliana Rodrigues, professora da Universidade da Madeira, percorreu com o olhar os aspetos mais importantes do livro ‘25 de Abril: permanências, ruturas e recomposições’, dando-os a conhecer ao público presente na sessão de lançamento.

Pedro Silva Rei, investigador do CEHR, coordenou, juntamente com Nuno Estevão Ferreira, a temática do “Desenvolvimento – Aspiração de uma ‘vida melhor’: mais escolaridade, trabalho, habitação e justiça social”. Recordou que a publicação está inserida nas comemorações dos 50 anos da democracia em Portugal, e por isso deixou um conjunto de questões para provocar a reflexão pública, no seguimento da obra. “Há muita coisa que ainda precisa de ser estudada, desde os partidos políticos às chefias militares, passando pelas comunidades religiosas e pelas associações”, enfatizou.

O Bispo do Funchal fez o fecho da apresentação salientado que o livro “é muito importante para entender como a igreja esteve antes, durante e depois da revolução”. D. Nuno Brás deu vários exemplos de como “os acontecimentos foram vividos com serenidade por parte de protagonistas centrais da vida política e da vida católica portuguesa”. Enfatizou a importância da “firmeza da defesa da liberdade para todos e, ao mesmo tempo, da defesa da participação católica na vida nacional”.

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