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Artigo de Opinião

Subdiretor JM

25/03/2023 08:05

Desta vez, o ‘pacote’ montado vai além da oferta de ‘cheques-brinde’ - como aconteceu em setembro último - fruto de uma folga orçamental de 3,5 mil milhões de euros e do crescimento do PIB.

Sem perder tempo a comentar os ultrajantes dividendos estatais em tempo de crise generalizada, centremo-nos nas medidas anunciadas que tocam quatro vértices: Função pública, produtores, famílias vulneráveis e IVA.

Portanto, a classe média - se é que ainda existe - volta a ser esquecida, como era expectável. A função pública, que já anda pela rua das amarguras, vai receber 1% de aumento. Pouco? Claro, mas os que trabalham nos privados - muitos deles precários - terão de continuar a apertar o cinto e esperar que não quebre de uma vez.

Para a classe média, a inflação e a guerra surgem como monstros que arrasam sonhos de aumento de salários e melhores condições de vida. Uma falácia repetida inúmeras vezes. Porque sobem os custos, sobem os valores dos serviços prestados pelos trabalhadores, mas não sobem os salários de quem trabalha. Porquê? Porque agora é preciso também recuperar da pandemia, dizem alguns…

A abolição do IVA no cabaz de produtos alimentares, ontem anunciada, é uma das medidas mais em voga. Custará 410 milhões aos contribuintes e serve de resposta a quem acusava o Estado de apenas imputar responsabilidades aos supermercados. Convém, porém, espreitar o que se passa na vizinha Espanha, que também avançou com proposta idêntica com poucos ou nenhuns reflexos nos preços finais.

Os mais pobres vão ganhar mais um euro por dia. Mas quem tem filhos vê o aumento subir para 1,5 euros diários. Dádiva que tem prazo de validade até final deste ano e serve de amparo para quem tem pouco ou quase nada.

Enfim, depois de meses a fio de escândalos que resultaram num carrocel de entradas e saídas de representantes do Governo, estava mais do que na altura de fechar o ciclo. Objetivo falhado com a apresentação de um novo regime para a habitação, que chocou - talvez propositadamente - os mais incautos, como ficou demonstrado com o modelo de ‘arrendamento compulsivo’ que colocou em causa até os próprios edifícios públicos abandonados.

Se a ideia era desviar a conversa, não era necessário terem esticado tanto a corda até porque os portugueses são cada vez mais tolerantes. Admitem tudo… menos quando se fala de futebol. Se um madeirense torce por um clube continental, o caldo fica logo entornado. Com o resto convivem bem, porque sabem que pouco há a fazer até porque a maioria, na altura de votar, também encara a democracia como um exercício clubístico. É daquele partido desde sempre porque sim e ponto final.

Talvez por isso é que não saem à rua. Porque não podem reivindicar propostas não cumpridas quando não se dão ao trabalho de conhecê-las.

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