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Artigo de Opinião

Consultor

15/03/2023 08:00

A expatriação é vantajosa para o colaborador ao nível das condições salariais, incentivos e oportunidades de desenvolvimento de carreira. Contudo, acarreta elevados custos à organização associados a ações de formação/preparação, incrementos salariais/benefícios, deslocação e instalação, para o próprio e sua família. Acarreta ainda o risco de a missão fracassar. Do ponto de vista do expatriado, os custos são de natureza psicológica, social e familiar, onde se destaca o inevitável choque cultural. Daí a importância em compreender um dos fatores fundamentais para o sucesso do expatriado que consiste no ciclo de ajustamento sociocultural, que obedece a uma linha sequencial em forma de "U" e que é composto por três dimensões que se influenciam mutuamente (ajustamento no trabalho - grau em que se ajusta ao papel organizacional em que está incumbido; ajustamento interaccional - grau em que é capaz de estabelecer relações interpessoais satisfatórias com os locais; ajustamento cultural - grau em que se ajusta às condições gerais do país, à sua cultura, aos seus hábitos, usos e costumes).

A primeira fase, designada lua-de-mel, dura entre 1 a 3 meses e consiste no entusiasmo gerado pela novidade, onde as diferenças culturais causam deslumbramento, a curiosidade impele a aprendizagem das idiossincrasias locais e as dificuldades ainda não são sentidas. A segunda fase consiste no choque cultural provocado pelo enfrentamento da realidade. Este pode ser gerado pela distância em relação aos amigos, privação de hábitos enraizados, dificuldades linguísticas e na compreensão dos hábitos locais, rejeição pelos autóctones, sentido de isolamento, confusão em relação aos comportamentos adequados e sentimentos de impotência em lidar com os novos desafios. Este choque é acompanhado de irritação, ansiedade, depressão, abandono, desespero, preocupação com a comida, receio de ser enganado, desejo de afastamento dos locais e de aproximação a outros expatriados. A terceira fase consiste na recuperação, onde o expatriado vai compreendendo melhor o contexto local, estabelece relações interpessoais, compreende melhor a linguagem e conforma-se à realidade. A quarta e última fase corresponde ao ajustamento propriamente dito, acompanhado com um sentido de vitória, de enriquecimento pessoal e profissional, com relações sociais normais e autonomia suficiente para levar a cabo as tarefas fundamentais do trabalho e vida pessoal.

Em suma, como o ajustamento do expatriado é relevante para o sucesso da missão, é fundamental que as organizações adotem medidas e procedimentos de apoio, ao nível da seleção dos candidatos, formação transcultural/linguística ao expatriado e respetiva família, serviços de coaching/mentoring, bem como o desenho de pacotes de compensação apropriados. Só desta forma poderão rentabilizar o investimento dispendioso, obtendo benefícios inalcançáveis pelo recurso a colaboradores locais. Como sabiamente escreveu Isabel Allende: "Tudo o que terá é o presente. Não desperdice energia a chorar por ontem ou a sonhar com o amanhã. A nostalgia é fatigante e destrutiva, é o vício do expatriado. É preciso criar raízes como se fossem para sempre, é preciso ter um sentido de permanência".

OPINIÃO EM DESTAQUE
Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira
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Há uma dor estranha, quase impossível de explicar, que nasce quando alguém que amamos continua aqui... mas, aos poucos, deixa de estar. Não há funerais,...

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