MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

9/03/2022 08:00

Graças a esses voos diretos, alguns desses mercados superaram o número de turistas e de pernoitas em 2019 e, apesar do seu volume comparativamente baixo, estas novidades inseriram-se numa estratégia acertada de diversificação dos países emissores e de compensação pelas perdas nos mercados tradicionais pelas restrições sanitárias então em vigor.

2022 tinha tudo para seguir este mesmo caminho e a inauguração do primeiro voo regular sem escalas entre Moscovo e Funchal com lotação completa a 20 de Fevereiro era disso um excelente presságio. Uma semana mais tarde, tudo mudou e os turistas russos desse voo inaugural regressaram a Moscovo apenas no dia 4 de Março, uma vez que o avião que os levaria de volta no dia 27 de Fevereiro já não conseguiu chegar à ilha em resultado das restrições do espaço aéreo a aviões russos. O mesmo aconteceu com os quase 200 turistas Ucranianos, cujo voo de regresso foi igualmente cancelado, sendo que 73 deles passaram de turistas a refugiados e os restantes optaram por viajar para a Lituânia ou Polónia.
Numa atitude humanista exemplar seguida apenas por alguns destinos, o Governo Regional protegeu estes 400 turistas Ucranianos e Russos e assumiu esse custo até a sua situação estar inteiramente resolvida. Nesse aspeto, o que terá sido feito no continente, onde existem mais voos diretos e, certamente, mais turistas oriundos desses países e nas mesmas circunstâncias? O calendário de férias de Páscoa está certamente comprometido nestes mercados e, sem sabermos qual o desfecho deste conflito, seguramente que o estará por tempo indeterminado. É também de esperar um arrefecimento da procura oriunda dos mercados vizinhos, como a Polónia, os estados Bálticos ou a Roménia, justamente os mercados que tão bem responderam em 2021.
As consequências deste conflito na aviação sentem-se desde já: seja no custo do petróleo, na cotação das companhias aéreas em bolsa, no desvio de rotas estabelecidas em consequência dos espaços aéreos que se fecham ou no próprio exercício de avaliação da rentabilidade de certos destinos face às novas circunstâncias e à escalada dos custos. A inflação dos preços das passagens, as flutuações de câmbio de moedas fora da zona Euro e a incógnita sobre o comportamento de alguns mercados perante o conflito são indicadores a ter em conta.
A inauguração dos novos voos Ryanair para Lisboa e Porto já no final do mês de Março e os novos voos da easyJet ligando Porto Santo ao Norte assumem por isso uma particular importância.
No caso concreto de Porto Santo, quebra-se um monopólio TAP com impacto imediato nos preços uma vez que este ano essa ligação tem voos de ida e volta a partir de 41€ em vez dos 198€ praticados há um ano. As férias na Ilha Dourada tornam-se assim uma opção mais competitiva face a outros destinos, pelo menos para quem usa o aeroporto do Porto. Uma vez mais e perante mais uma crise que se avizinha, será o mercado doméstico e o de maior proximidade o mais resiliente e o menos susceptível de ser levado pela brisa, vento, vendaval, tempestade ou furacão que nos chegará do Leste nos próximos tempos.

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