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Artigo de Opinião

Administrador JM

30/04/2022 08:05

Esta não será a novidade que muitos gostariam de ver ou ler, precisamente porque a questão política - e os protagonistas políticos - continua sem qualquer alteração de fundo. Mas, sendo as opções políticas da Venezuela uma questão que só aos venezuelanos diz respeito, é bom saber que pelo menos as questões económicas encontraram o trilho adequado que desviou o país do colapso total.

Ainda é muito cedo para conclusões seguras. Mas quem calcorreou mais de 1.300 quilómetros e seis estados da Venezuela, como o JM o fez na última semana, pode permitir-se a algumas ilações sobre aquilo que nos foi dado a ver e sentir.

Da Venezuela dos anos que antecederam a pandemia, todos retivemos as imagens das prateleiras vazias nos supermercados e gente à fome na rua, mais os postos de combustíveis sem gasolina e automobilistas em filas com quilómetros. Isto num país que praticamente não cobrava a gasolina aos venezuelanos, porque é país produtor bafejado pela Natureza.

Esse era o resultado dos devaneios de alguns políticos que concentraram todo o poder à sua volta, mais as suas estratégias económico-sociais de bradar aos céus. A outra consequência do descalabro do regime bolivariano fomentado por Hugo Chávez, e posto em prática por Nicolás Maduro, foi o êxodo de milhões de venezuelanos. Alguns deles vieram cá ter, à Madeira.

Volvidos uns anos, e quase que por milagre, são os mesmos protagonistas políticos que viabilizaram um volte-face impressionante, embora ainda com muitas chagas sociais por sarar. Esses políticos deixaram-se de verborreias, engoliram o orgulho e viabilizaram a única saída possível para a crise que fomentaram: permitiram as importações sem o controlo anedótico da venda posterior desses bens importados; deixaram o mercado funcionar com base na lei da oferta e da procura; ‘dolarizaram’ todo o sistema económico da Venezuela - pasme-se: a gasolina que era à borla, agora comercializada em dólares - e estabilizaram uma moeda surrealista que derrapava hora a hora. Sabe-se que essa estabilidade cambial está a custar muito dinheiro ao Estado venezuelano, mas pelo menos desta vez os recursos do país estão a ser usados em prol do bem comum.

Os resultados estão à vista, temos uma Venezuela a reerguer-se. Com essa recuperação económica agravam-se problemas de um país que sempre teve cerca de 80% da sua população a viver abaixo do limiar da pobreza. Um cenário que piorou, nessa perspetiva, pois o custo de vida agravou-se, tudo está mais caro ou até inacessível a muitos venezuelanos.

Os próximos tempos deverão confirmar que a recuperação é algo de palpável e sustentado. Para já, constatam-se novos investimentos um pouco por toda a parte. A Venezuela já dispõe de todos os produtos de que necessita. A conjuntura económica em torno do ouro venezuelano - a produção de petróleo - joga a favor dessa recuperação.

No que toca à comunidade portuguesa, também ainda é cedo para otimismos exacerbados. Mas, para quem faz do trabalho a sua principal ‘arma’, não há nada que os faça temer.

Vamos apenas esperar que a política se mantenha acertada e que os políticos resolvam o que está por resolver sem fazer mais vítimas entre os venezuelanos desprotegidos.

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