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Artigo de Opinião

Deputado na ALRAM

28/12/2023 08:00

Nestes dias de Natal e de fim do ano, é impossível não ter saudades.

Aquelas saudades que sentem os nossos emigrantes, lá na diáspora, e as saudades que nós sentimos deles. Dos nossos irmãos, tios, primos, pais, avós e amigos. É por isso que nunca vou esquecer como os meus pais ficavam horas e horas ao telefone a falar com os seus irmãos e com amigos. Com muitas gargalhadas, mas também com muitas lágrimas. Sobretudo, com muito sentimento.

Não esqueço como o meu pai, de repente, pedia para eu dar umas palavrinhas ao telefone à minha tia que vivia na Madeira e, meia hora depois, pedia novamente para cumprimentar o meu tio da Austrália, sendo que, de seguida, já estávamos a falar com uma tia na Holanda.

Destas saudades e desta emoção, que ele sentia, eu não percebia nada. Não tinha a mínima ideia.

Por outro lado, era a minha mãe que falava com os seus irmãos. O telefone não parava. No fim do ano, não faltava aquele canal internacional com a esperança de ver o fogo de artifício da Madeira.

Era mais um momento de alegria, oportunidade de relembrar a nossa terra, de sentir aquele orgulho Madeirense e gritar: “o fogo de artifício da Madeira é o mais lindo do mundo”.

Enquanto era criança, eu não percebia nada disto, pois era apenas um pequeno que, no Natal, esperava com emoção pelo pai natal ou no fim do ano pelos fogos de artifício.

Mas hoje percebo. Quando sou eu a telefonar, também eu sinto aquelas saudades, aquele cheiro que tinha na minha casa. Quando não podemos estar juntos fisicamente, sentimos que agora “somos nós” que estamos ao telemóvel a pedir aos nossos filhos para mandar um beijinho aos tios, aos primos e aos avós. Agora, temos as videochamadas que substituem os abraços e os vídeos dos sobrinhos e dos netos. São o que nos deixam “mais por perto”.

É tudo isto que ajuda a preencher aquele vazio da saudade, daquilo que significa ser emigrante.

Seja em Joanesburgo, Caracas, Paris, Jersey, Sidney ou em qualquer parte do mundo - porque acreditem que em qualquer parte do mundo existe um Madeirense!

Em qualquer lugar há um conterrâneo nosso com saudades, a telefonar para os seus, a não esquecer da sua terra, a ficar colado à televisão à espera de ver a noite do mercado, as missas do parto e o fim do ano, a olhar para as redes sociais para ver os vídeos dos amigos que partilham as festas Madeirenses. A mais bonita das festas.

E lá vão eles, também, na diáspora, fazer broas de mel, uma canja, beber um vinho Madeira e provar um bolo de mel. Lá vão as nossas tradições preencher aquele momento de saudades, com uma toalha bordada e com os nossos aromas. Mas, de certeza, com a mistura dos sabores da terra de acolhimento, porque ninguém sabe e entende melhor de integração que um Madeirense.

Tu que emigraste ou que tens a tua família emigrada, que tens saudades, que, de certeza, já te emocionaste estes dias, para ti um grande abraço cheio de sentimento.

Que Deus abençoe cada um de nós e que possas abraçar, o mais rápido possível, aquela pessoa especial que está do outro lado do atlântico e que 2024 seja um bom ano para todos nós.

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