A parte dramática da questão é que a maioria dos entendidos considera que vem aí uma inevitável perda de eficácia, de resto já esboçada nos últimos relatórios de contas, por conta da instabilidade fomentada por vezes com intuitos obscuros.

É verdade que em causa estão dúvidas e contradições da Comissão Europeia, instigadas pelos piores instintos das 'anas gomes', mesmo que baseados em alguns requisitos que devem ser sempre salvaguardados, aprimorados e melhorados na defesa do interesse público e dos contribuintes que somos todos.

As oscilações e incertezas foram-se amontoando, ferindo de morte um projeto que beneficiava Portugal no geral e uma parcela específica do seu território, em particular.

A discussão em torno da renovação da concessão, ocorrida há um par de anos por ajuste direto, oculta uma série de circunstâncias que propositada ou irresponsavelmente são omitidas. Beneficiou uma entidade privada, é certo, mas é essa componente que justifica o envolvimento privado. Interessa saber se qualquer outro modelo traria mais benefícios para os cofres do Estado e da Região. Vamos rapidamente desfazer essas dúvidas.

A transição está a ser feita com recurso a profissionais que já conhecem os meandros da SDM e dos mercados onde se movimenta. O que é um indicador positivo. Mas há um prejuízo palpável a recuperar e muito trabalho feito que foi deitado fora. Somos bons a dar tiros nos pés.

Por falar em ‘tiros nos pés’, o trabalho publicado pelo JM Madeira na última segunda-feira sobre as mil e uma formalidades da contratação pública demonstra quão tortuoso pode ser o trajeto de um qualquer projeto. Seja uma empreitada de milhões ou um mastro de 10 mil euros, temos de ter assegurados o rigor e a transparência na defesa das contas públicas.

O que não se deve favorecer é a displicência em torno de manobras dilatórias, do tipo ‘não é para mim, não é para ninguém’.

Vem aí a ‘bazuca’ europeia. Não podemos desbaratar recursos, é certo. Mas mau, muito mau mesmo, é mostrarmos que não temos capacidade para utilizá-los, devolvendo-os.

Já basta de tiros nos pés.