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Artigo de Opinião

20/10/2025 03:30

Com as eleições do passado dia 12 de outubro, encerra-se um ciclo complexo de atos eleitorais marcados por muita instabilidade, com quedas sucessivas dos governos regionais e da república. Com a exceção destas eleições autárquicas e das eleições europeias, todas as restantes foram na sequência precisamente dessas quedas de governo.

É certo que ainda teremos em janeiro próximo, as eleições para a Presidência da República, mas, sendo a única eleição uninominal, não provocará o desgaste que todas as outras representam. Os partidos estão mais aliviados, mas também lutarão para eleger o candidato presidencial da sua área política, sendo que a responsabilidade será outra. As cúpulas não estão em risco de caírem perante resultados menos bons. A pressão é muito menor.

Destas últimas eleições, no plano nacional, podemos concluir que os partidos tradicionais mantêm a sua força perante o eleitorado, com o reequilíbrio centrado no bipartidarismo. O PSD ganhou mais câmaras, já era expectável, pois o PS tinha muitos candidatos novos, em consequência da limitação de mandatos, mas, resistiu à hecatombe anunciada, ficando muito próximo do partido que governa o País, que distribuiu benesses em vésperas eleitorais, tentando assim confundir o eleitorado. Os restantes partidos têm pouca relevância, uma Câmara aqui, uma Junta acolá e pouco mais. Confesso que me deu particular gozo ver quem anunciou que iria ganhar pelo menos 30 Câmaras, no final de contas ficar apenas com 3.

Por cá, pela nossa região, temos novidades, poucas, mas relevantes. O PS infelizmente perdeu a Ponta do Sol. Um resultado injusto, pois o trabalho desenvolvido pela Célia Pessegueiro durante 8 anos, transformou aquele concelho no mais trendy da região, uma vila agradável, onde sentimo-nos mesmo bem e onde muito foi feito pela sua população. Em São Vicente, o PSD perde para o Chega, sendo que essa vitória pouco tem de chegano, pois o sentimento que havia nessa vila era de que a mudança era uma necessidade imperiosa, tendo os eleitores se juntado para correr com o PSD e apostando na força política que fez a campanha mais agressiva. Para aqueles que dizem que as campanhas de proximidade já estão em desuso, fica aqui a lição de como ao nível local não podemos descurar o contacto com a população.

Do meu partido, o PS, tirando as duas importantes vitórias no Porto Moniz e em Machico, os resultados foram desastrosos, muitos já falaram sobre isso e não pretendo acrescentar mais lenha para uma fogueira que já arde há algum tempo, apenas peço agora que se reflita, que se inicie o processo de escolha de uma nova liderança, sem pressas e sem pressão sobre quem se chegar à frente.

O PS precisa de escolher quem tiver mais capacidade de unir e integrar os militantes, juntar as pessoas à mesma mesa e saiba traçar um caminho a 4 anos, precisa de quem se foque nas matérias políticas e não nas guerrilhas de paróquia, que saiba recuperar e consolidar, que tenha uma visão para a região e que combata o populismo emergente do PSD, JPP e CH. Precisamos de seriedade na política, de capacidade de entrega e de trazer novas pessoas, novos rostos também. É necessário fazer o que foi feito em 2011/2013, quando a liderança de então não estava preocupada com o seu metro quadrado, em manter os pequenos poderes, mas sim preocupada em fazer crescer, abrindo assim o PS à sociedade, como nunca antes tinha sido feito. Com essa estratégia, ganhámos 2013. Acredito no meu partido e sei que temos quem saiba fazer.

Por fim, desejo a todos os autarcas agora eleitos, votos de muito sucesso e que olhem pelas pessoas, façam por merecer todos os votos que foram depositados em si.

Duarte Caldeira escreve à segunda-feira, de 4 em 4 semanas.

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