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Artigo de Opinião

CULTURAS GLOBAIS E CRIATIVIDADE

25/04/2022 08:00

No passado 19 de Abril, a convite da Professora Norberta Fernandes, da Escola Secundária de Santa Cruz, voltei à escola, desta vez não como aluno indeciso e perdido, mas como orador. Não me considero exemplo de grande coisa e a timidez natural que me acompanha a caminhada da vida poderiam ser factores para não ir, mas aceitei o enorme desafio. Desafio porquê? Falar para as gerações do amanhã acarreta uma tremenda dose de responsabilidade. Eles são o futuro e é a eles que devemos confiar um amanhã de esperança. Admiro profundamente o trabalho dos professores e tarefa árdua que têm, de incutir, nas efervescentes mentes, valores, referências e bons exemplos para que estes façam o seu caminho. Foi precisamente isso que me motivou a ir. O meu papel era o de motivar, fazer com que acreditem na possibilidade de ir mais além, de expansão de horizontes. Foi o que tentei.

Aquela velha questão do "e quando fores grande?" Como será? Que caminho? O que consegui partilhar é que eu ainda não sei. Penso que nós somos "grandes" quando somos pequenos em tamanho e idade, existem os sonhos, existe a magia e uma fase da existência sem igual, pelo menos para aqueles que a sorte os bafejou com uma infância digna e com o essencial. Quando crescemos em tamanho e idade, muitas vezes teremos de nos deparar com o ser "pequeno", ser pequeno perante a vida, perante os desafios, ante os entraves, os nãos e a dura realidade. Tentei descansar as mentes mais indecisas. Não tem mal nenhum não saber, começar do zero quantas vezes for preciso e humanamente possível. Não tem mal perder-se para se encontrar. Não tem mal seguir um caminho que todos estranhem, se esse caminho fôr o que nos toca lá no fundo e considerarmos ser o ajustado. Deixei claro que sou realista e que a vida não é fácil. Foi tocando a pequenez que tentei incutir obstinação às nossas futuras gerações. Se 15 problemas surgirem, pense-se na solução. Às vezes, como sociedade e individualmente, gastamos energia e valioso tempo a deambular sobre os problemas e é normal, mas tire-se um tempinho para pensar na solução, até que se esgote as possibilidades.

Não sendo moralista ou grande referência, o que tentei foi partilhar as oportunidades que podem surgir se olharmos mais além, se formos auto-críticos e verdadeiros. Uma grande máxima que me acompanha e pode ser útil é o não viver na mentira. É muitas vezes preferível encarar a realidade e a verdade nua e crua, mesmo que doa, do que viver em ilusões. A verdade é sempre o melhor caminho. Falei do que consegui e não sou daqueles que acha que as gerações mais novas estão perdidas ou sem valores. Considero que estas gerações dispensam atestados de incompetência e precisam sim de compreensão, motivação e às vezes, simplesmente, serem escutados. No contacto que tenho tido com essas gerações e neste belo dia de regresso à escola, senti e vi esperança num futuro, mentes convictas, mentes fortes, luminosidade no olhar, sonhos, crenças, também naturais dúvidas e espaço a melhorar. Vi uma força colectiva que me inspira e me faz também eu querer continuar a aprender e a ir "à escola da vida e suas lições". Foi uma tarde maravilhosa que espero que tenha valido a pena. Se meia palavra que disse servir para inspirar algum dos presentes, ficarei contente. Da minha parte foi um prazer, uma tarde de nervos e aprendizagem. Enchi o meu ser com esperança. Obrigado Escola de Santa Cruz, obrigado Professora Norberta e a todos os presentes que gastaram um pouco do seu valioso tempo a ouvir este "pequeno".

A propósito, um livro: "A Estranha Ordem das Coisas", de António Damásio.

Até Maio…

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