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Artigo de Opinião

Advogada

6/09/2023 08:00

Todos temos as nossas fragilidades e ninguém é perfeito, mas é na forma com que tratamos, sobretudo, os mais frágeis e fracos que sobressai a nossa forma de ser.

Nestes últimos dias, que tanto se tem falado do beijo de Luís Rubiables (Presidente da Real Federação Espanhola de Futebol) nos lábios da jogadora Jenni Hermoso, sem que esta o tenha consentido, recordei e vivi todas as histórias de abusos que conheço e que infelizmente não nos parecem afligir tanto a sociedade como o tão mencionado caso.

O beijo não permitido, bem como os gestos obscenos que Rubiables concretizou ao festejar o golo de Olga Carmona são uma profunda vergonha, que todos devemos repudiar, e que constituindo ilícitos, à luz da lei espanhola e do Código Disciplinar da FIFA irão, com certeza, conhecer a respetiva decisão no âmbito dos processos já instaurados.

Tendo tais comportamentos indignado o mundo, por que motivo não nos indignamos com a decisão do Reino Unido, denunciada pela organização não governamental "Humans for Rights Network", de enviar crianças migrantes, que chegam sozinhas àquele país em pequenos barcos de traficantes, para a prisão Elmely, no condado de Kent, onde são colocadas na mesma ala com criminosos condenados pela prática de crimes sexuais? A maioria das crianças provém do Sudão e do Sudão do Sul e ao procurarem proteção e esperança são expostas a situações de um grande perigo por via de uma decisão de um país que não acautela os seus superiores interesses. Mas tudo parece continuar indiferente perante esta forma intolerável de abuso, de práticas que mais não são do que violações dos direitos humanos.

Também a Rússia apoiou um exército de mercenários, comandado pelo falecido Prigozhin, que na República Centro Africana violou, maltratou e assassinou raparigas, mulheres e na Ucrânia continuam a verificar-se, fruto da guerra, atrocidades atrás de atrocidades que recaem, sobretudo, sobre os mais frágeis, as mulheres, as crianças, os mais velhos.

Há dias uma jovem que foi convidada para "ir tomar um copo" a casa de uma determinada pessoa, que conhecia há relativamente pouco tempo, e depois de ter supostamente ingerido uma quantidade considerável de bebida alcoólica, foi violada por essa pessoa e por um amigo dessa pessoa.

Logo que lhe foi possível dirigiu-se ao hospital para efetuar os respetivos exames, mas por vergonha da família, dos amigos, por medo, não apresentou queixa-crime e como este tipo de crime (violação) depende daquele impulso para que se possa iniciar o respetivo procedimento criminal, então, nada foi feito e os agressores por aí continuam sem que sobre os mesmos venha a recair qualquer tipo de censura. Ainda ouvi dizer…"também a miúda colocou-se a jeito". Infelizmente são estas reações, estes comentários, próprios de quem não se consegue colocar no lugar do outro, que fragilizam, ainda mais, as vítimas e que, simultaneamente, as fazem sentir culpadas quando a culpa não recai sobre aquelas, mas antes sobre o agressor que continua impunemente a viver numa sociedade, de dura cerviz, que teima em não querer escutar o mais frágil.

Que nunca ousemos tolerar o abuso, a violação da dignidade humana e que tenhamos, sempre, engenho e arte para defender o mais frágil sem que o poder, os primeiros lugares, nos iludam na forma livre de agir e que permitirá dar vida ao próximo!

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