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Artigo de Opinião

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28/08/2021 08:01

Há dois pressupostos que devem ser, impreterivelmente, salvaguardados nesta campanha, a bem da salutar democratização do poder local: i) a melhoria contínua da qualidade do serviço público prestado por cada um dos autarcas eleitos e ii) o reconhecimento da gestão municipal como eficiente, eficaz, idónea e equitativa na aplicação das políticas públicas.

E nada disto se faz nas redes sociais. Uma coisa é destilar ódio nas redes sociais [porque há quem viva assim, infelizmente...] e alimentar a silly season, outra, bem mais importante, é saber refletir e procurar participar na vida política, apresentar propostas. É certo que os escândalos e as denúncias são as que mais se fala na rua e são, também, as que mais contribuem para a silly season porque têm maiores audiências, mas o que é que traz de benefício para a comunidade local? Nada.

O que é que muda na vida pública com a silly season? Nada. Só traz cansaço. As pessoas cansam-se e afastam-se. Repudiam a classe política e tudo o que representa porque a única coisa de que se fala é dos escândalos e das asneiras que uns e outros protagonizam no seu dia-a-dia, e não passa disto. As pessoas cansam-se e afastam-se.

Se calhar é por isso que há vereadores, deputados municipais e de freguesia que estão há décadas no cargo. Mais perturbador do que isso é perceber que há deputados da Assembleia Regional que podem acumular o cargo com o cargo de vereador (sem pelouro), de presidentes de junta de freguesia ou de deputados da assembleia municipal. Porquê? Não há mais pessoas válidas? Há, claro que há. Só que não têm interesse.

Aquelas pessoas que procuram estas lides como se não houvesse mais vida além da política, acabam por viver à custa dos cargos que desempenham [totalmente dependentes das benesses que o cargo possa trazer], e isso traz-nos de novo ao cansaço e ao repúdio. Cansaço porque "são mais do mesmo", repúdio porque "conseguem ser piores do que os outros que lá estavam antes".

Há candidatos que parecem esquecer que as pessoas votam em quem conhecem e em quem confiam [seja porque tem feito um bom trabalho no cargo que desempenha, seja porque é conhecido na freguesia e/ou concelho].

Candidatos que invadem as casas das pessoas a cada 4 anos e não conseguem demonstrar a mesma motivação e interesse sobre os problemas que cada um apresenta em jeito de desabafo nos anos seguintes, perderão forçosamente o apoio destas pessoas. "- Interesseiros! Só vêm aqui pedir o voto e depois esquecem-se da gente! Eu cá sei bem em quem vou votar." Basicamente é isto. Podem invadir as casas das pessoas o número de vezes que sintam que vale a pena para conseguirem o voto destas mas, no fim de contas, o que conta é mesmo a essência - de caráter, de princípios, de moralidade. E aqui é que a porca torce o rabo.

A 26 de setembro far-se-á a escolha da governação local, a qual, inevitavelmente, levará a cabo uma leitura política regional dos resultados que vierem a ser apurados. Porque os partidos têm de ser, sempre, responsabilizados. E este é, também, um desafio de sobrevivência, seja para o CDS, seja para o BE-Madeira. Próximos da irrelevância nos sucessivos inquéritos de opinião que têm vindo a público nos últimos meses, estas eleições poderão constituir efetivamente o ponto sem retorno.

Termino, com a convicção de que muitas dúvidas serão respondidas a 26 de setembro. E importantes ilações terão que ser retiradas, com as devidas consequências.

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