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Artigo de Opinião

Presidente da Delegação Regional da Madeira da Ordem dos Psicólogos Portugueses

27/04/2023 08:00

Mais do que uma sequência bem definida e previsível de patamares, a carreira envolve uma dimensão psicossocial, que remete para o sentido, para o sentimento de realização e o bem-estar, e sobretudo para um percurso que não é assim tão linear. Envolve um padrão de comportamento e um processo de construção e expressão da identidade nas atividades ocupacionais. A nossa carreira é uma espécie de livro com vários capítulos, cujo autor é cada um de nós.

Na mitologia clássica, Proteu é o deus do mar, caracterizado pela sua capacidade de se transfigurar e assumir diferentes formas. Apesar de se tratar de uma figura mitológica, corresponde a uma metáfora para algo bem real e que acontece atualmente com as nossas vidas e particularmente com as nossas carreiras.

Num mundo caracterizado pela incerteza e por um ritmo elevado de mudanças, as carreiras envolvem uma contínua adaptação a diferentes realidades, o reajuste e o redirecionamento, o desempenho de diferentes papéis e atividades variadas, muitas vezes distintas da atividade profissional principal. A busca do que faz sentido, do sucesso psicológico e da autorrealização. E um sucesso que é subjetivo, na medida em que depende da avaliação de cada um, e não de um determinado patamar de prestígio ou remuneração.

Esta noção de carreiras proteanas tem certamente diversas implicações. Mas uma delas envolve o que deve ser o foco da nossa preocupação quando abordamos o nosso percurso e temos de tomar decisões.

Se a realidade é a que é e as carreiras são proteanas, importa então focarmo-nos no que realmente interessa, incluindo o autoconhecimento, para além da adaptabilidade e da autodeterminação. Construir a carreira e tomar as melhores decisões envolve sabermos quem somos, sermos quem somos e lidarmos da forma mais eficaz possível com os desafios do nosso desenvolvimento.

Numa altura do ano em que, por exemplo, se aproxima a tomada de decisão de milhares jovens sobre o que o vão fazer a seguir, e em que surgem questões sobre "que curso tem saída ou que me assegura algo", numa lógica de previsibilidade e estabilidade, é sempre importante recordar que, num mundo em mudança acelerada e em muitos casos imprevisível, importa sobretudo escolhermos a melhor saída que temos: o autoconhecimento. A boa notícia é que é precisamente para isso que serve a intervenção psicológica. Uma questão para retomarmos em breve neste espaço.

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