Eu e o presidente Filipe Sousa tivemos a oportunidade de partilhar ideias com autarcas e técnicos no sentido de conhecer as soluções que podem tornar as nossas cidades mais inteligentes, eficientes e sustentáveis. Tudo isto com o desígnio de melhorar as condições de vida, criar práticas de gestão mais sustentáveis e adequadas e gerir o território de forma mais eficiente.
O conceito de Smart Cities é cada vez mais conhecido e as autarquias, como gestoras de proximidade, estão numa posição privilegiada para implementarem modelos de gestão territorial mais eficientes e sustentáveis do ponto de vista de gestão dos recursos humanos e técnicos, e também dos recursos disponíveis ao nível da energia e da água.
Este é um desafio do futuro que tem de ser já um desígnio do presente. Como se costuma dizer, o futuro é já hoje.
Basicamente, o conceito está ligado a modelos de sensorização e recolha de informação que permitam a gestão adequada de uma série de serviços e a sua disponibilização criteriosa e adaptada às necessidades em tempo real.
Ou seja, é um conceito que tem toda a sua ação direcionada para um conhecimento quantitativo do território: fluxos de trânsito, fluxos de pessoas, fluxos de consumos de água e de energia, fluxos de produção de resíduos. Por exemplo, nesta última vertente, criar sistemas que possam informar o serviço de recolha de que há uma quantidade anormal de lixo na rua, ou de que a capacidade foi atingida e que é, por isso, necessário acionar o serviço em conformidade. Ou, ainda, sensores capazes de informar sobre a necessidade de rega de jardins públicos, ou sensores capazes de elucidar os horários de maior afluência ou utilização dos vários equipamentos municipais, desde mercados municipais a sanitários públicos.
Não é difícil perceber que uma gestão alicerçada em informação sistematizada é uma gestão mais eficiente e sustentável não só do ponto de vista da gestão de recursos técnicos e humanos, mas também de recursos naturais que cada vez mais exigem responsabilidade na sua utilização.
Fácil é também perceber que isto levaria a um melhor serviço prestado à população, porque permitiria medir necessidades e adequar respostas.
Com estas prioridades em pano de fundo, as autarquias têm de começar a pensar mais à frente, e este pensar mais à frente tem de estar ligado a um agir no presente já com o futuro em agenda.
É um desafio que temos de abraçar e que tudo tem a ganhar se as nossas cidades se transformarem, já hoje, em laboratórios práticos do futuro.
Em Santa Cruz, começamos já a dar os primeiros passos com a gestão inteligente da energia, através do nosso plano de eficiência energética, que já gere picos de utilização e necessidades de potência distinta de intensidade luminosa.
Sabemos que estamos a começar e queremos ir mais longe. Estas experiências e troca de ideias, como a que recentemente tivemos em Lisboa, são um bom ponto de partida.