Após a revolução compreendeu-se a solução de recrutar licenciados de outros setores para massificar o ensino de forma rápida e combater o analfabetismo. Fazê-lo nos dias de hoje, revela impreparação e incapacidade ministerial, é fazer retroceder o investimento que foi feito na modernização didática, tecnológica e científica que foi necessária para atingirmos os patamares europeus.

Mas vamos às causas da falta de professores. Durante o ministério da Dr.ª Maria de Lurdes Rodrigues fez-se passar a imagem de que os professores eram uma "cambada de malandros" que não queriam trabalhar, era necessário classificá-los em professores de primeira e de segunda e ridicularizá-los em formações onde era importante cantar "esta vida de marinheiro", num prenúncio das tempestades que se avizinhavam. Tudo era reforçado por comentadores ressabiados que afirmavam serem os professores "os malandros mais bem pagos da nação". O atual ministro não dá a cara por nada, quando dá é para sacrificar os professores, como aconteceu com a recuperação do tempo de serviço. Felizmente o governo regional optou pela recuperação total do tempo de serviço.

Este discurso de desrespeito pela profissão, também, resulta nas atitudes dos encarregados de educação perante os professores e perante a escola. Temos encarregados de educação que frequentaram alguns anos de escola, cumprindo apenas o tempo obrigatório e que arvoram na atualidade o direito a pronunciarem-se sobre a metodologia, a didática e o conteúdo que os professores devem aplicar. Mas mais grave é ver encarregados de educação, com formação superior, assumirem uma postura idêntica, quando deviam abster-se, pois, desconhecem as especificidades desta profissão.

Acresce a isto a aquisição do seu próprio material, desde a caneta para corrigir testes aos computadores que usam no dia a dia. Ainda lhe é exigida uma carga burocrática que resulta de uma falta de simplificação de processos, fazendo ultrapassar em muito as trinta e cinco horas semanais, não recebendo mais por isso. Escolheria uma profissão que lhe exigisse tudo isto?

Os professores por sua vez continuam o seu trabalho. Não são todos perfeitos, tal como acontece em qualquer outra profissão, mas na sua maioria dedicam-se à profissão de forma extraordinária. Especializam-se de forma a dar respostas com maior qualidade, por exemplo na Madeira cerca de 50% dos professores do ensino básico e secundário possuem mestrados e doutoramentos.

A todos um Bom Ano.