São homens e mulheres que, muito justamente, exibem todo o seu orgulho. O trabalho ainda não terminou, mas a obra está erguida e a missão está praticamente concluída. Com distinção. É natural que aqueles rostos espelhem tamanha satisfação, sobretudo num dia com muitos visitantes ilustres.
A ‘consagração’ de quinta-feira não foi uma inauguração qualquer. O Santuário inaugurado também não é uma igreja qualquer. É o corolário da determinação e do querer de um punhado de gente que não desiste nem à primeira nem à centésima contrariedade. E tantas que elas foram, ao longo destes quinze anos de persistência!
Numa obra gigantesca como a que abriu as portas ao mundo na quinta-feira, as tarefas são mais do que muitas. Todas com diferentes graus de dificuldade, mas todas cruciais para que a ‘consagração’ tivesse ocorrido com o brilhantismo que o JM teve o privilégio de testemunhar ‘in loco’.
Fizeram bem as autoridades da Madeira em marcar presença. Primeiro como sequência do empenho e de ajudas concretizadas durante as diferentes fases da obra, depois como ato natural de assistir ao Santuário a abrir-se ao mundo e a começar a cumprir com a função para a qual foi projetado.
Numa época em que muito se questiona a espiritualidade e as opções religiosas, assistimos assim à concretização de algo que foi crescendo quase que apenas pelos impulsos positivos de gente de fé. Com tantas outras prioridades materiais, e com tantas outras oportunidades para empenharem o seu tempo, os ‘senhores da faixa branca’, sejam os de grandes posses ou os simples trabalhadores, decidiram dedicar-se a erguer o Santuário de Nossa Senhora de Fátima. Um exemplo de religiosidade, mas também de cidadania, de compromisso.
Chegados à passada quinta-feira, dia de subir a Los Altos Mirandinos, e depois de nos cruzarmos e felicitar os tais ‘senhores da faixa branca’, era difícil não nos deixarmos contagiar por aquela atmosfera de orgulho e sensação do dever cumprido. Com o desenrolar da cerimónia, preparada com mil e um detalhes, o Santuário foi deixando de ser apenas as paredes majestosas, as belíssimas peças de mármore e aqueles monumentais vitrais. Encheu-se de vida, humanizou-se e completou-se. Encheu a alma dos que lá estavam e dos que assistiram à distância.
Tratando-se da Venezuela, mas com nobre gente de Portugal, em especial da Madeira, seria fundamental que as autoridades soubessem retirar ilações e aplicar algumas das suas habilidades políticas na resolução de diversos dossiers que continuam por resolver. Que Nossa Senhora de Fátima lhes guie!