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Artigo de Opinião

Advogada

14/12/2022 08:00

O dito populismo "tem a sua razão de ser e dirige as suas críticas às deficiências da democracia representativa que não reflete o pensar e o querer do povo".

Então, este dito populismo vai sobressaindo, porquanto, sobretudo em cenários de crise, continua a verificar-se um certo esquecimento dos que estão mais fragilizados.

Na verdade, custa muito olhar para o sofrimento, para a debilidade, para a miséria…, custa muito colocar-nos no lugar do outro, principalmente daquela criança que veio nos braços do pai, na embarcação, que pereceu nas procelas da vida e que apenas buscava uma oportunidade para ser feliz…, custa muito colocar-nos no lugar de todos aqueles imigrantes que em Beja e Cuba foram explorados e que viviam em condições desumanas…, ninguém viu? Ninguém sabia?

Quase um quarto da população portuguesa está em risco de pobreza em 2021, segundo os dados oficiais mais recentes sobre a pobreza em Portugal.

Já o Comissário Europeu da Justiça, Didier Reynders, pediu que Portugal tornasse o sistema judiciário "mais transparente". E isto num momento em que foi divulgado que Portugal se encontra em 12.º lugar, com 62 pontos em 100, abaixo da média da União Europeia, do índice de perceção da Corrupção da Transparency International (TI) de 2021, e num período em que a Vice-Presidente do Parlamento Europeu, Eva Kaili, encontra-se detida por suspeita grave da prática do crime de corrupção, lavagem de dinheiro e de organização criminosa.

Efetivamente, a corrupção é tida como uma das principais ameaças a um Estado de Direito Democrático que prejudica quer a economia, quer a relação de confiança entre os cidadãos e os governantes e nesta sede é tão triste o que vem acontecendo no nosso país e, agora, nas instâncias europeias!

Não tenhamos dúvidas que urge atrair investimento, mas não podemos esquecer quem está em situação de fragilidade, porquanto um país, será tanto mais rico quanto mais souber cuidar dos fragilizados, quanto mais educar para combater, designadamente, os fenómenos de corrupção.

Uma sociedade que pretende evoluir aposta na educação que ensina as crianças, os jovens, a desconstruir, a saber analisar criticamente, com carinho, com afeto, sem desrespeito. Aposta, igualmente, na Justiça, esse grande pilar de um Estado Democrático, e na Saúde.

Bem sei que "casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão". Mas também sinto que temos capacidade para fazer mais e melhor, constituindo uma ajuda para tanto, colocarmo-nos no lugar do outro, em vista do bem comum que todos devemos almejar …, se tal não acontecer, então, os populismos e os seus intervenientes continuarão a concretizar os seus intentos fazendo crescer fenómenos de extremismo, assim destruindo um Estado que se deseja Democrático e representativo do povo.

Junto ao presépio, olho para a manjedoura, e com tremenda esperança, dirijo o meu olhar para a "Senhora do sim", e repito, de coração para coração, as palavras do Papa Francisco …"Trago-te os sonhos e as angústias dos jovens, abertos ao futuro, mas travados por uma cultura cheia de coisas e pobre de valores, saturados de informação e carentes no educar…, recomendo, especialmente, as crianças mais afetadas pela pandemia, para que, aos poucos, comecem a sacudir e a abrir as asas, redescobrindo o prazer de voar alto".

Natal…, é fé, é esperança, … é esta vontade de não desistir, de querer continuar a acreditar que, não obstante o sofrimento, a nudez, há sempre um sinal que nos leva a ter a capacidade de florescer, sempre, com um grande sorriso.

Um Santo e Feliz Natal!

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