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Artigo de Opinião

Gestor do Europe Direct Madeira

12/01/2022 08:00

Era um momento de paciência e de alguma destreza manual, sem paralelo nos dias que correm, onde o visual e o digital ditam as regras. Estes discos continham obviamente um lado A e B, em que no primeiro estava aquela música mais conhecida (no caso de se tratar de um single), e no segundo, um outro registo menos badalado, porventura quiçá, até desconhecido.

Pois o lado A do Ano Novo, para não fugir à regra, ficou marcado pelo anúncio de um rol infindável de "catástrofes" mais ou menos previsíveis: a pandemia continua (muito) forte neste primeiro mês do ano; os bens essenciais ficarão inevitavelmente mais caros, os salários não subirão na proporção que muitos de nós gostaríamos; etc. Quem pelos primeiros dias do ano vagueou pelas redes sociais, rapidamente se deu conta deste fenómeno generalizado de divulgação de "boas novas". Decididamente não era o que eu queria ler, ver ou ouvir nos primeiros dias do ano. Fiquei até deprimido!

E aqui chegamos ao lado B! Não tão badalado, não tão comercial mas igualmente real. E por isso mesmo, este "outro lado do disco" não deveria ser ignorado, até porque a música é bem distinta. A nível europeu, há motivos para iniciarmos o ano com algum optimismo (sem excessos!), quanto mais não seja, pela constatação da ocorrência de um conjunto de factos que merecem a nossa atenção e o benefício da dúvida relativamente aos seus efeitos práticos.

Falo, por exemplo, de um novo impulso decorrente do arranque da presidência francesa do Conselho da UE a 1 de janeiro. Sob o lema "retoma, pujança e pertença", esta presidência, pela voz do Presidente Macron, pretende promover "uma Europa forte no mundo, plenamente soberana, livre de fazer as suas escolhas e senhora do seu destino". Resta saber que efeitos paralelos poderão ter as eleições presidenciais francesas que terão lugar dentro de 3 meses…

Falo, por exemplo, do 20º aniversário da entrada em circulação do Euro em 2002. E que tempos agitados foram aqueles, com um esforço insano de reprogramação do cérebro para a utilização daquelas moedas e notas tão diferentes dos velhinhos escudos a que estávamos habituados. Hoje, a moeda utilizada por 340 milhões de europeu em 19 Estados-membros representa indiscutivelmente um símbolo da integração e da identidade da UE que a esmagadora maioria dos europeus não pretende abdicar.

E a "música" continua: os 30 anos da assinatura do Tratado de Maastricht, os 35 anos do programa Erasmus ou os 30 anos da Rede Natura 2000, são apenas alguns exemplos.

Mas, se tudo isto não chegasse, uma efeméride em especial justificará certamente algum entusiasmo: a celebração do Ano Europeu da Juventude (AEJ). Os jovens foram seguramente um dos grupos mais afetados por esta terrível pandemia que a todos atinge (muitos, infelizmente, pagando com o mais alto preço - a sua própria vida), ficando privados da sua formação académica "normal", dos convívios sociais próprios da idade, privados, enfim, de um conjunto de possibilidades que o mundo lhes oferecia e que, de um momento para outro, lhes foram negadas, obrigando à adaptação a uma nova realidade, marcada pelo afastamento social e pela digitalização das relações e das emoções. Por isto e não só, são grandes as expectativas dos jovens face ao AEJ, tal como são enormes as responsabilidades de quem deve garantir que esta efeméride não representará apenas um ato simbólico, mas um momento de viragem para a participação ativa dos jovens no projeto europeu.

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