MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

Farmacêutico Especialista

4/02/2022 08:00

Na realidade, essa concretização não é difícil (apesar de toda a imprevisibilidade associada), mas o que podemos asseverar é que a pandemia não acaba por decreto, nem por simples vontade própria, ou coletiva, acabará quando atingirmos a ausência dos pressupostos que levaram à sua aplicação!

É necessário compreender que o estado de emergência sanitário que vivemos não decorre de meras decisões políticas, mas de uma concretização científica, baseada, portanto em factos científicos.

Existe neste momento no planeta em circulação entre os seres humanos, um organismo, um vírus que numa perspetiva Darwinista da evolução (não se pára a evolução por decreto), tem por objectivo permanecer por cá. O agente infectante, neste caso o vírus SARS-CoV-2, infecta o hospedeiro (o ser humano), e na óptica da "sobrevivência dos mais apto", se o vírus matar em demasia o hospedeiro perde transmissibilidade, porque alerta o hospedeiro e porque ao reduzir o tempo de residência no mesmo, diminui os contactos do mesmo, logo no "jogo" da evolução, teremos uma transmissibilidade vs letalidade, dificilmente poderemos ter as duas coisas (não sendo impossível, é probabilisticamente mais difícil de ocorrer). Os virologistas e os profissionais de saúde que observaram na sua formação esta disciplina, disseram desde o primeiro momento que a evolução natural do vírus, levaria a uma "atenuação" do mesmo falou-se em equilíbrio natural (os sistemas tendem para o equilíbrio), não obstante tal verdade, existe sempre um nível de incerteza que tem que ser tido em consideração. Observemos o vírus da gripe, com o qual convivemos sazonalmente, mas que fez os alarmes soarem com a variante H1N1, mas que felizmente foi um falso alarme.

Estaremos então nesse ponto de inflexão da pandemia, que levará à endemia? Naturalmente e com alguma cautela diríamos que sim, mas alerto para que não devemos pensar que a endemia é algo bom, vamos trilhar o caminho da diminuição da incidência do mesmo e da sua severidade, precisamos de reduzir o número de pessoas "virgens" ao vírus, com vacinação capaz e competente e ironicamente, após um quase fechar de olhos, uma falsa ou nenhuma solidariedade para com os países pobres (50 dos países mais pobres representam 6,4% das vacinas administradas apresentando 20.6% da população mundial, Bloomberg Vaccine tracker), sendo os da África subsariana muito castigados por este egoísmo dos países ricos e falta de equidade, surgir uma variante na África Austral que pode ser a chave da resolução da mesma, por apresentar uma transmissibilidade ímpar (o primeiro caso de morte com a variante Ómicron nos EUA foi o de uma reinfeção, e o Imperial College de Londres alerta para que a proteção contra a reinfeção baixa para valores residuais de 19%) que suplanta todas as outras variantes, mas que apresenta um quadro sintomatológico mais ligeiro. Apesar de esta ser uma realidade positiva não esquecer que a vida é probabilidade e que apesar de ser menos letal ou severo em sintomatologia, mas se quem morrer for o nosso filho, ou a nossa mãe a probabilidade matemática, esvai-se em sentido.

Em súmula, muita população infectada, sinal de imunização, e muita população vacinada, sinal de imunização, logo aproveitar para nossa vantagem o que a evolução da vida nos dá, e agarrar esta oportunidade de tornar sazonal e num quadro de coabitação vivencial num espectro de normalidade como a conhecíamos, precisamos de maior vacinação, estas vacinas chamemos-lhe de primeira geração, serão actualizadas com versões mais robustas e competentes (alerto que em tempo recorde tivemos vacinas preparadas, seguras eficazes e com qualidade), e vacinar principalmente e primariamente os países mais pobres (é vergonhoso que na República Democrática do Congo só 0,2% da população com 90 milhões de habitantes, esteja vacinada, e a Nigéria em 2,6% da população com 200 milhões de habitantes), depois já percebemos que este é um vírus de cariz respiratório os dados assim o revelam, e de cariz sazonal, e passará a fazer parte da nossa miríade de vírus aos quais estamos expostos no inverno, sabendo que é sob a espada de Dâmocles que nos encontramos, caminhamos para o fim sem dúvida, mas conscientes do caminho a trilhar, para alcançar esse fim tão almejado, agora o quando, depende do cumprimento de uma visão e estratégia global concertada, que por ora ainda falta.

OPINIÃO EM DESTAQUE

88.8 RJM Rádio Jornal da Madeira RÁDIO 88.8 RJM MADEIRA

Ligue-se às Redes RJM 88.8FM

Emissão Online

Em direto

Ouvir Agora
INQUÉRITO / SONDAGEM

Concorda que Portugal deve “pagar custos” da escravatura e dos crimes coloniais?

Enviar Resultados

Mais Lidas

Últimas