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Artigo de Opinião

Professora Universitária

13/11/2023 07:50

Digamos que não são só os fracos reis que fazem fracas as gentes, mas que as fracas oposições também fazem fracos os reis e as gentes. Por isso, uma oposição com capacidade, dinâmica, centrada em objetivos claros não só representa uma alternativa válida de governação, como exige e melhora a eficiência dos que governam.

Olhemos para a situação do país: o medo maior que a população exprime hoje é o da instabilidade que prejudique o desenvolvimento social e económico e o aumento da representatividade de partidos extremistas que dificultem o processo democrático, fazendo recuar a sociedade em termos de direitos adquiridos. Este é, de facto, o momento de concentrar a atenção no campo da defesa da democracia e de controlar os movimentos e partidos antipolítica, ao mesmo tempo que se defende uma política de investimento na solidariedade, trabalho, desenvolvimento, preocupação com os ecossistemas e a paisagem.

Mais do que lugares e posições de poder, de formação de alinhamentos políticos, hoje o desafio maior é o compreender e valorizar o carácter e os valores ideológicos e políticos que dão origem e diferenciam os diversos movimentos partidários, respondendo às aspirações, ideias e novos desafios do nosso século. Há, por isso, que apostar numa nova forma de pensar e de agir: e isso é essencial num mundo em que lidamos com a gravidade de guerras que ameaçam contaminar ainda mais conflitos - com ameaças cada vez mais recorrentes de ações atómicas catastróficas - ao mesmo tempo que se esquece a importância da centralidade das questões humanas e sociais a favor de uma visão apenas utilitarista. A verdade é que um país, e uma região, só se podem considerar verdadeiramente ricos quando existe uma efetiva proteção da saúde, tranquilidade da vida quotidiana, acesso ao lazer e tempos livres, quando existe um nível de vida digno, com bons serviços sociais e eficiência da administração, possibilidade de ter uma casa, um emprego e um futuro, igual acesso à melhor educação, ajuda aos idosos, etc. Tudo questões cuja solução depende das escolhas que se é capaz de fazer para mudar o rumo da vida económica e produtiva.

O problema é que face às crises o leitmotiv de certos partidos que são parte do antissistema partidário é comum: a denúncia da incapacidade dos partidos em compreender e abordar os problemas reais da sociedade civil e a proposta de uma alternativa que tudo arrase. No passado, estas explosões antipartidárias foram reabsorvidas com maior ou menor facilidade pelos partidos dotados de uma cultura capaz de oferecer resistência. Hoje, esta recuperação parece muito difícil e mais necessária do que nunca.

Uma crise de democracia implica sempre um défice de representação, e a crise existe quando se alimenta a falta de legitimidade: o povo já não acredita nos seus representantes e, portanto, nos partidos, e crê, como cidadão-eleitor, que não lhe podem proporcionar satisfação material e segurança moral e psicológica.

É, portanto, vital que os partidos que creem no sistema democrático se organizem e proponham aos cidadãos vias de solução e de sonho de futuro. Daí que seja tão importante reforçar no país a confiança nos partidos e que na Região o PS Madeira prossiga numa via de solidificação e dinamização que tem vindo a empreender, reforçando-se como oposição.

Isto porque a recuperação da credibilidade no sistema político, e nos partidos, passa por processos de democracia capazes de tornar os cidadãos mais competentes, mais responsáveis e mais capazes de decidir. Os frutos desta mobilização de conhecimento político por parte de todos são os que, de facto, constituem o cimento sobre o qual construir a legitimação dos partidos.

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