MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

PALAVRAS APENAS

16/01/2024 08:00

“Eu devia ter uma pena de luz para contar esta história”. Começa assim um conto de Matilde Rosa Araújo e é assim que todos gostaríamos de começar a contar o ano que agora começa. Com a luz acesa. Com a esperança de todos os começos. Com a vontade de iniciar um tempo em que o sol (a alegria, a força, o calor, a vida) fosse(m) verdade em todos os lugares, mesmo naqueles em que a noite teima em não acabar, em que a guerra escurece as manhãs, em que a dor (todas as dores) parece(m) querer reinar para sempre.

Queria ter uma pena de luz para apresentar a novidade que todos os janeiros abrem nas nossas vidas, apesar de, em tantos casos, tudo parecer continuar igual. Queria. Não tenho. Tenho apenas estas palavras que gostava muito que continuassem a falar de paz, de esperança, de risos e de coragem, mesmo sabendo que a vida (esta que construímos todos os dias) nem sempre é um lugar perfeito.

Hoje, porém, apetece-me falar do sol. E pedir-lhe (um pouco à moda de Francisco, irmão de todas os seres) que traga calor aos campos gelados de guerra e de medo, que aqueça os invernos de quem tem frio, que rompa as noites dos dias do mundo e que se acenda, luminoso, a semear a vida em tanto sítio de morte que a humanidade tem construído.

Faço, então, deste espaço, um lugar onde tento contrariar o tempo, onde as palavras querem apontar a esperança, querem mostrar o valor das pequenas coisas: a pincelada dourada que o sol da festa (ainda anda por aqui) derrama nas serras, a beleza efémera da espuma que as ondas deixam no calhau, as gargalhadas dos miúdos que ainda não sabem da angústia, as mãos entrelaçadas dos casais que (ainda) sonham com o que há de vir, da felicidade dos dias comuns, da paz. Que falta nos tem feito, a paz!

Outros hão de falar da realidade, hão de trazer a esta página, as suas opiniões, a análise do estado das coisas; hão de escrever sobre o modo como tudo deveria ser e hão de fazer-nos pensar sobre este tempo que nos é dado viver. E tudo isso é muito importante.

A mim, cabe-me falar do sol. E da esperança. E deste dom maravilhoso que é a vida. Um ano que começa é uma casa nova pronta a habitar: guarda em si o tesouro do desconhecido e a vontade de fazer feliz quem nela mora. Que este seja um ano assim.

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