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Artigo de Opinião

8/11/2022 08:00

Eu sinto e sofro, mas não tenho a arte nem o engenho para converter isso em versos. Imagino, mas as palavras ficam atabalhoadas e atropeladas, transformando-se em hieróglifos.

Mas, apesar desta relutância, como o pintor que tem um quadro vazio e sente a urgência de pinta-lo, sinto a urgência de escrever. Mas, não sou um escritor.

Sofro às vezes em demasiado, preocupo-me com coisas que não estão no meu controlo, anseio por sentimentos passados, e vivo entre o passado e o futuro, duas coisas que não consigo controlar, mas acho que é essa a eterna condição da humanidade. Estamos sempre insatisfeitos com o que não fizemos, ou no que poderíamos ter feito de outra forma, e sempre preocupado com o que ainda não fizemos. Esquecemo-nos do presente e acabamos por sofrer, criando feridas que não se fecham facilmente e por vezes continuamos a insistir em abri-las.

Abençoado é aquele que não conhece o amor, é deles o paraíso na terra. Na realidade acho que só sofremos por amor, esse sentimento que faz o mundo girar, estava indeciso entre o amor ou a ganância, acho que amor acaba por ser mais bonito. Pergunta-me o leitor se sei o que é amor? O amor para mim poderá ser algo diferente para o leitor, resumi uma vez que o amor é tudo que acontece antes e depois do sexo. É o carinho, a cumplicidade e tensão, aqui também podemos chamá-la de paixão, que se vai acumulando até ao ato e posteriormente é o regressar lentamente à normalidade com os mimos e as conversas pós-sexo, considero que estas são, juntamente com as conversas da noite, as mais honestas e mais profundas, são as que levam a alguém abrir-se pois ambos estão mais vulneráveis, sim, mais despidos.

Mas sofro, infelizmente, todos nós já sofremos por amor, uma mãe que perde o filho de vista, um ente querido que morre, um amigo abatido, todos sofremos por amor, mas o pior é o amor, o amor de filme, em que parece que estamos inseridos num filme romântico, mas não sabemos se é o "Casablanca" ou o "Before Sunset", só quando ele eventualmente acaba é que percebemos isso, isto se acabar.

Voltamos ao início, o escritor sabe com acaba, por isso escreve sabendo o fim do seu livro. O poeta, vai descobrindo por entre as linhas do seu poema, mascaradas com lirismos, o que realmente quer dizer. Eu, nunca sei como é que termino o que escrevo, não descubro a meio deste caminho sinuoso das palavras e frases algum significado, mas sei o que sinto, o que é algo mais que um poeta.

Não sou escritor, não sou um poeta, não sou nada, só um indivíduo que quer mudar o passado e preocupado com o futuro, perdido no presente, o eterno romântico-realista, aquele tipo de pessoa que é a mais ambígua de todas que é capaz de mudar-se Alcoutim à procura de histórias e de sentido.

Mas não, não sou escritor.

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