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Artigo de Opinião

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12/02/2022 08:00

Importa, antes de continuar, distinguir entre direita radical e extrema-direita, bem como esclarecer o que identifico como populismo e nacionalismo da extrema-direita.

Em suma, a direita radical pretende reformar o sistema político e económico sem eliminar a democracia enquanto sistema governativo, enquanto a extrema-direita é explicitamente contra a democracia. A extrema-direita, apesar da diversidade de definições reconhecidas como válidas, tem três elementos comuns: o extremismo (sempre alicerçado no populismo e nacionalismo), o reconhecimento da desigualdade entre pessoas como algo natural e o nacionalismo como base para este reconhecimento - acredito que não nos é difícil indicar que partidos se apresentaram a votos com esta 'cartilha'.

A extrema-direita tem como objetivo salvaguardar a cultura de um país e mantê-lo etnicamente homogéneo, pelo que o ponto de divisão não é a religião ou a etnia per se, mas a obrigatoriedade destes de se adaptarem e integrarem na cultura dominante, abdicando das suas raízes (vertente nacionalista da extrema-direita).

No entanto, muitos destes partidos vão muito além do objetivo inicial da extrema-direita que a história nos deu a conhecer e alimentam uma ideia de 'nós' contra 'eles', o que conduz à exclusão de grupos de indivíduos, por razões
culturais, religiosas ou étnicas. Esta vertente populista da extrema-direita exacerba sentimentos negativos dos cidadãos frustrados com a conjuntura que acabam por apoiar estes partidos - já que estes prometem a criação de uma sociedade melhor para quem nasce no país.

Mas há outros factores decisivos, como a imigração. Muitos cidadãos europeus consideram que o aumento da diversidade social, cultural e religiosa é um perigo à segurança, sendo isto aproveitado por estes partidos para aumentarem a sua popularidade. Além disso, os imigrantes são vistos como competição em termos de trabalho e recursos públicos, o que exacerba as consequências negativas trazidas pelas crises económicas e, assim, sentimentos negativos da população em relação aos imigrantes.

Este fenómeno acarreta novos desafios, especialmente para os países, como Portugal, que se querem distanciar da discriminação e exclusão e promover valores liberais e democráticos. Isto pode afetar o nosso desenvolvimento, enquanto sociedade, que se baseia na democracia, na liberdade, no respeito pela diversidade e no primado dos direitos humanos e dignidade humana.

As implicações da normalização da extrema-direita são severas. Os indivíduos associados a estas políticas devem ser tomados como uma ameaça à democracia e à actual ordem social e devem ser eficazmente combatidos.

Normalizar o Chega, as suas pretensões, é um erro, porque se tornará inevitável a aceitação política da extrema-direita como parte do sistema democrático. O único objetivo identificável neste partido é destruir a democracia por dentro.

António Costa não reúne com o Chega, nem o Chega elegerá um Vice-Presidente na Assembleia da República. Não é falta de maturidade democrática, é uma posição firme contra tudo o que a História nos ensinou.

Termino, com a convicção de que, seja à direita ou à esquerda, o extremismo é sempre mau para a democracia. Espero que a memória nunca nos falte a este respeito.

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