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Artigo de Opinião

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26/08/2023 08:00

Com este avanço, aumentou-se a superfície de ataque. À medida que mais dispositivos médicos e sistemas hospitalares se conectam à internet, mais aumentam os pontos de entrada para potenciais ataques. Não é preciso ser-se técnico especialista da área das tecnologias para se perceber isto ou para perceber que a falta de formação adequada em cibersegurança transversal aos serviços é necessária e urgente.

O que se passou com o Sistema Eletrónico de Informação de Saúde (SEIS-RAM) do Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira (SESARAM) poderia ter acontecido em qualquer sistema de saúde do mundo - aliás, como aconteceu, de facto, nos Estados Unidos da América (EUA) e em vários países do continente europeu. Confio que esta será uma lição aprendida.

O que é certo é que o SEIS-RAM permitiu avanços na digitalização da saúde que fizeram da RAM um exemplo a nível europeu - considere-se a atribuição do Interoperability Award 2022, p.ex., ou os resultados do projeto Smart4Health (GA 826117) - e trouxe consigo inúmeras vantagens, incluindo a possibilidade de partilha de informações médicas, telemedicina e diagnósticos mais precisos, de forma segura. Contudo, esta transformação digital também tornou o nosso sistema de saúde mais vulnerável a ataques informáticos, que poderão, de facto, ter resultado, como disse o Dr. Perry em conferência de imprensa do dia 07-08-2023, na exposição de dados pessoais do utente, além do bloqueio do SEIS-RAM, dificultando a prestação de serviços médicos essenciais - que nunca foi colocada em causa, apesar de tudo.

Era expectável que diante de um ataque informático que demonstra a vulnerabilidade do SEIS-RAM, este se tornasse uma ferramenta para a disputa política (ainda para mais em ano eleitoral). Mas é essencial abordar a situação com cautela e, acima de tudo, com seriedade e responsabilidade. Num cenário em que a saúde e o bem-estar dos cidadãos estão em jogo, é crucial separar as questões políticas das questões humanitárias. Quando um sistema de saúde é alvo de um ataque informático, a prioridade máxima deve ser sempre proteger a segurança dos pacientes, manter os serviços médicos essenciais e restaurar a normalidade o mais rápido possível. Infelizmente, a politização deste tipo de eventos parece desviar-se o foco desses objetivos críticos, já que as partes envolvidas parecem procurar mais vantagens políticas em vez de soluções eficazes. Importa lembrar que o bem-estar dos cidadãos e a sua segurança devem permanecer acima das agendas políticas.

As dificuldades existem, é verdade. Não é fácil para quem precisa de cuidados de saúde. Mas também não o é para quem os presta. E é isso que muitos estão a esquecer. É preciso respeitar o Sistema Regional de Saúde porque dele fazem parte todos os profissionais de saúde que tornaram possível a luta contra a Covid-19. Ou isso já não interessa? Não é conveniente lembrarmo-nos de todos os profissionais de saúde que abdicaram (e abdicam, muitas vezes) de estar com as suas famílias para salvar vidas? Não merecem a nossa compreensão, disponibilidade e respeito num momento de crise?

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