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Artigo de Opinião

Vice-presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz

23/08/2023 08:00

As Jornadas da Juventude tiveram a grande ousadia e o grande benefício de durante as três manhãs dos ‘Encontros Rise Up’, chamarem os jovens, mas também toda a sociedade através deles, a construírem juntos uma casa comum, a levantarem-se e agir, a serem protagonistas ativos de uma «Igreja em saída missionária» em torno questões tão importantes como a Ecologia Integral, a inclusão vertida na Igreja que é de "todos, todos, todos’, a solidariedade ativa, a participação cívica que vá além das partilhas e das altercações nas redes sociais.

Esta dinâmica e outras tiveram por objetivo mostrar aos jovens que podem construir, todos juntos, uma casa comum com os seus sonhos.

Esta é a juventude do Papa! Esta é a juventude do Papa! Esta é a juventude do Papa! Entoavam milhares de jovens vindos dos quatro cantos do mundo, entre eles muitos jovens do meu concelho, num movimento que foi uma manifestação de fé. Uma manifestação de fé não apenas Católica, mas fé num sentido lato. Fé na Humanidade, fé num mundo melhor, mais justo, mais inclusivo.

As jornadas já acabaram e ainda consigo sentir a emoção e o sentimento de pertença a esta juventude. Pertença a esta juventude que se revê num Papa que nas primeiras horas da sua chegada a Portugal teve como prioridade de topo o encontro com 13 vítimas de abusos sexuais perpetuados por padres, num sinal claro de que a Igreja, na sua pessoa, terá tolerância zero nestes casos. Pertença a esta juventude que se revê num Papa ímpar, um homem simples, que recusa grandes luxos e que, apesar da sua idade avançada, faz questão de percorrer grandes distâncias para estar ao lado de mais de um milhão de jovens e assim ser exemplo de entrega e disponibilidade para ir ao encontro de todos, ao encontro do outro, do que é diferente de nós, do que nos é familiar, do que está ao nosso lado ou daquele que está distante de nós.

Pertença a esta juventude que se revê num Papa que fala de Ecologia, como fala de evangelização, erguendo a ponte tantas vezes distante entre a ciência e a crença. Um Papa que faz questão de nos questionar sobre como vamos cuidar da nossa casa comum, e mostra imagens de cidades no Senegal completamente submersas pelas alterações climáticas, ou de refugiados climáticos, empurrados para fora das suas casas e para o sofrimento.

Ouvi um jornalista a comentar sobre a autoridade do Papa Francisco. Uma autoridade legitimada não pelo cargo que ocupa, mas por aquilo que vive e apregoa.

E o grande ensinamento para mim, e espero que para todos, foi, de facto, ver o responsável máximo da Igreja a congregar teólogos e cientistas e ambos reconhecerem a importância de unirem esforços para cumprir um objetivo muito maior do que cada um por si. Ver a ciência reconhecer que sem a motivação que a teologia promove, a ciência não consegue operar a mudança de comportamentos que urge tomar na senda das alterações climáticas. Que para salvar o Planeta e esta casa comum que todos habitamos, independentemente de crenças e qualquer área de interesse, importa dar o salto do 'saber' para o 'fazer'. Importa levantar e agir. Para salvar o planeta já não basta saber, urge, antes de mais, motivar e agir. Esta foi a grande lição destas Jornadas da Juventude e espero que, passado o barulho mediático, não nos passe a vontade de nos levantarmos todos e agirmos em conjunto.

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