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Artigo de Opinião

1/02/2022 08:00

No início do percurso era o discurso de maioria absoluta por parte do PS, transitou rapidamente para vamos falar, por medo de uma maioria de direita, acabou por voltar à estaca zero e à tão desejada, por António Costa, maioria. No meio disto, o desejo íntimo de Marcelo esmoreceu, o regresso do bloco central, a figura de alguém consensual que consegue unir os partidos deixou de ter utilidade e passou simplesmente a ser um fiscal de obras. Marcelo, podemos dizer, foi um dos grandes derrotados da noite do passado dia 30.

Outro dos derrotados foi Rui Rio, um presidente que nunca deu mostras de carisma, e que fica associado ao pior período do PSD, sucessivas derrotas nas legislativas, europeias e autárquicas, safando-se somente nas regionais, que mesmo assim foram feitas coligações para garantir governabilidade.

Nos menos também estão presentes os partidos de esquerda, Bloco de Esquerda e a antiga CDU, com a saída d’Os Verdes de cena penso que podemos chamar PCP. A queda do primeiro foi estrondosa, o que mostra que às vezes a saída da sua zona de conforto não é a melhor, o mesmo para o PCP, que agora volta à sua praia e ser um partido de luta. Ambos têm um problema, que está à vista de todos, a falta de caras novas na liderança, o desgaste que Catarina Martins e Jerónimo de Sousa têm é demasiado elevado para continuarem à frente dos respetivos partidos. O leitor que se prepare para umas quantas greves no futuro próximo.

O partido do bobi e tareco, também quase desapareceu, o que só vem provar que o fundamentalismo nunca é uma boa arma, fica já a IL avisada, mas lá chegaremos.

O CDS/PP, desapareceu do mapa, na realidade é algo triste um partido com tanta história política em Portugal, ter chegado a este estado. Mais triste é termos o CDS regional a vangloriar-se por ter vencido uma eleição que não elegeu ninguém.

No campo contrário temos os vencedores, o já mencionado PS, e a Iniciativa Liberal. A IL veio ocupar o campo que andava perdido entre o PSD e o CDS, e, na minha óptica, é o partido que tem mais potencial de crescimento, é também o BE da direita desta década.

Para terminar, assusta-me o rumo que a política está a ter. A futebolização não augura nada de bom, o "cansado de Portugal", só porque não ganhou o partido que queríamos, ou a ideologia pretendida, é uma grande bandeira vermelha. Daqui a dias estamos a dizer para "parar a contagem", "não é o meu presidente" e sabemos no que é que isso deu.


Legislativas na região

O resultado das últimas eleições legislativas na região foi surpreendente. Um empate técnico. Algo que nem nos melhores sonhos os socialistas acreditavam. Claro que isso foi o suficiente para declararem vitória, no fim de contas mantêm o mesmo número de deputados eleitos na Assembleia da República.

Mas, o verdadeiro vencedor da noite eleitoral foi a coligação ‘Madeira Primeiro’, nome saído da mente brilhante e prolongando o misticismo de nós contra os outros de Alberto João Jardim, ao fim e ao cabo o que temos agora é uma versão barata do mesmo. A coligação que juntou dois dos três partidos mais votados na anterior eleição de 2019, arrebatou o primeiro lugar com 50.634 votos, mais 10.630 que a segunda força política mais votada, embora tal diferença não seja visível no resultado final.

Voltemos ao suspiro de alívio que ocorreu na sede do PS-Madeira, os rosas tiveram uma quebra de 3.369 votantes comparando com as últimas legislativas. Saltando de comparação em comparação vemos que, por seu lado, a coligação, a grande vencedora deste ano obteve mais 2.403 votos. Um grande resultado se tivermos em conta que os resultados obtidos pelo CDS-PP nas mesmas eleições tinham sido de 7.852 votos, ou seja o CDS-PP desapareceu do mapa, quer a nível regional, quer a nível nacional.

O leitor poderá dizer que estou a ser tendencioso, má-língua, ou outro adjetivo menos impróprio que queria utilizar, mas não sou eu a dizer isso basta ver nas reações aos resultados em que só importa o PSD-Madeira, também não é de estranhar visto que um quinto lugar numa lista é, na melhor das hipóteses impossível de ser conseguido. E, assim, o PSD-Madeira consegue mais uma vitória expressiva, a absorção do CDS-PP regional.

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