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Artigo de Opinião

Economista

19/06/2021 08:02

Dominic Cummings, estrategista da campanha do Brexit e ex-assessor do Primeiro-ministro Boris Johnson, deixou cair mais uma bomba mediática com a partilha das suas revelações sobre os meandros de Downing Street.

Publicou as capturas de ecrã das supostas conversas no WhatsApp em grupos chamados "Covid No 10 Coordination" e similares, bastante explícitas em relação à suposta opinião do PM Johnson sobre o seu ministro de saúde e também face à gestão da pandemia no Reino Unido. Digamos que o inglês vernacular utilizado não seria digno de levar à rainha.

Cummings, que se encontra há mais de um ano em modo "ajuste de contas" com o executivo britânico, é tido por alguns como o verdadeiro líder da oposição neste momento no Reino Unido, considerando as dificuldades de afirmação da liderança trabalhista. É curioso como um assessor e mão-direita rapidamente pode se transformar em pior pesadelo para um governante.

Na verdade, este género de comunicação instantânea online pode ser bastante prático em situações de emergência, uma vez que facilita a coordenação e a troca de informação entre agentes. Ainda para mais numa pandemia, onde o contacto físico é reduzido ao mínimo. Mas a "governação por WhatsApp" também sublinha o perigo que coloca à posterior leitura fora de contexto por parte da opinião pública.

Ainda recentemente o Primeiro-ministro austríaco, Sebastian Kurz, teve que responder publicamente pelo teor das conversas online tidas entre governantes, no contexto do inquérito parlamentar vienense sobre o escândalo de corrupção que abalou a sua governação. A internet não esquece nada e até emojis podem figurar no escrutínio público.

Estes casos recentes de governação pelo WhatsApp contrastam com a necessidade de transparência e responsabilização obtidas pelos meios tradicionais - as atas públicas das reuniões. Reconstruir passos executivos pela manta de retalhos dos grupos de chat online e de SMS é simultaneamente uma visão turva da realidade e uma falta de contabilização. Em democracia é precisamente o contrário que precisamos: clareza.


Sugestão da Semana: Para os fãs e também para os céticos do estilo Broadway, deixo uma recomendação que irá agradar a ambos - o registo cinematográfico de "Hamilton" que já pode ser visto em streaming. É o musical sobre a vida do pai-fundador americano Alexander Hamilton, de música, letra e livro criados por Lin-Manuel Miranda. Nas palavras de Hamilton numa das cenas "Porque eu sou como o meu país: jovem, aguerrido e esfomeado". São precisamente dessas características que nascem as maiores estrelas.

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