De quando em vez, aparece alguém que, mais do que ser bom naquilo que faz, parece pertencer a um lugar de exceção, aparentemente reservado e uma classe de génios. Isto acontece em várias áreas e temos até exemplos recentes e próximos, como Cristiano Ronaldo no futebol e Madalena Costa na patinagem.

Não há como negar que a genialidade toca apenas a alguns, mas a genialidade, como toda a excelência, exige trabalho e exige o exercício de uma paixão empenhada que não estão ao alcance de todos.

O trabalho e a paixão são os impulsionadores de um génio que é inato, mas que atinge patamares raros naqueles que, todos os dias, não deixam de trabalhar e de se dedicarem ao que verdadeiramente amam, fazendo dessa paixão a força central da vida, o motor de um coração sempre empenhado na matéria e no sonho.

É na simbiose entre genialidade, trabalho e paixão que se fabricam os fora de série. Aqueles que tornam os feitos difíceis em movimentos naturais, como se, aparentemente nada lhes custasse. É por isso que vemos Ronaldo correr em campo, tratar a bola por tu e avançar para a baliza como se todos esses movimentos lhe fossem inatos.

O mesmo acontece com Madalena Costa, a menina que parece já ter nascido sobre rodas, que se ergue no ar com a graça e a leveza de uma criatura alada e mágica.

Sim, são génios raros que aparentam ser biologicamente pré-determinados para a magia e para a excelência. Fazem o difícil parecer fácil e fazem-no com uma alegria inteira e plena.

Mas, sobretudo, trabalham muito, lutam, acreditam, perseguem a perfeição como único movimento possível. E, por cima e ao redor de todas estas operações humanas e quase divinas, transportam uma paixão levada ao limite. É essa paixão que faz com que todo o processo e a sua concretização sejam colocados a um nível de magia que transforma os que assim vivem e atuam em criaturas únicas. São como que uma categoria à parte, pertencem a uma exceção que os torna únicos entre os demais. A nós cabe-nos assistir, quase incrédulos, ao fascínio e à magia dos que voam sobre os centrais e os defesas, ou à transcendência dos que se elevam com música, graça e talento. Madalena e Ronaldo pertencem a essa categoria de seres excecionais e quase irreais através da magia que exercem sobre a realidade e sobre a vontade.