MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

Diretor

22/11/2025 08:05

As efemérides, como quase tudo na vida, têm duas faces: o lado bom, que permite lembrar datas ou causas importantes, e o lado mau da repetição, ano após ano.

Por estes dias, vivem-se momentos de celebração de datas e acontecimentos. Um deles foi o Dia Mundial dos Direitos das Crianças, assinalado quinta-feira, 20 de novembro. Parece uma daquelas datas cuja importância nem se questiona, por ser tema gasto de tanto falado.

Só que a realidade mostra que não é bem assim. Não é mesmo nada assim.

E a propósito desta data destacam-se dois factos a que não estamos muito habituados: os números regionais, pouco simpáticos, e a forma com foram assumidos no JM por diferentes entidades.

Há aqui uma mudança de atitude que se regista e aplaude das autoridades com responsabilidades na matéria.

Num passado não muito distante, o normal era justamente o contrário. Era tentar esconder a ver se passava. E muitas vezes passava mesmo.

Desta vez, os números foram atirados para a frente do debate, a marcar a agenda e a deixar espaço para reflexão. Como deve ser sempre.

Desses dados resultam informações importantes como o escasso número de famílias de acolhimento para crianças sem lar. Dito de outra forma, mais dura e mais simples, faltam famílias. Essa é a realidade com que se confronta a sociedade que passa por uma séria transformação.

Em contraponto, hoje, pululam opiniões com pretensa força de lei mesmo que embaladas na mais profunda ignorância ou no maior atropelo pelas regras básicas da verdade. O ‘diz que diz’ ganha terreno numa sociedade que tem mais meios de informação, mas facilmente se deixa levar pela desinformação das redes sociais e dos perfis falsos, sem nome nem rosto.

A era dos palpites com peso de sentença teve esta semana mais um ponto alto: do nada, todos sabem tudo sobre política internacional. E, ao mesmo tempo, palpitam a favor e contra o mediatismo de Cristiano Ronaldo.

Também isso não deixa, mais uma vez, de ser curioso. No tempo dos direitos e deveres, o astro maior do futebol português – que por acaso era um menino pobre de Santo António que se fez homem rico do mundo – parece remetido apenas para os deveres.

Pelo que se ouve, lê e vê, Ronaldo tem o dever de marcar golos todos os jogos.

A obrigação de ser exemplo mundial.

Tem de ser bom filho, marido extremoso e pai imaculado.

Está obrigado a faturar milhões e a negócios assertivos.

Se se portar bem, até pode vir a ser ator.

À luz de muitos, esses são os seus deveres.

E onde cabem os direitos de quem se realizou, de quem se inventou e se fez a si próprio?

Não se defende aqui a qualidade ou o caráter – e muito menos a bondade – dos novos amigos com quem jantou o futebolista madeirense na Casa Branca. Antes pelo contrário! Apenas se questiona: e os direitos de Ronaldo? Certamente que também os tem.

Antes que atirem ao mensageiro, fica a advertência: este é um palpite. Mais um.

OPINIÃO EM DESTAQUE

88.8 RJM Rádio Jornal da Madeira RÁDIO 88.8 RJM MADEIRA

Ligue-se às Redes RJM 88.8FM

Emissão Online

Em direto

Ouvir Agora
INQUÉRITO / SONDAGEM

Como avalia o desempenho das autoridades no combate ao tráfico de droga?

Enviar Resultados
RJM PODCASTS

Mais Lidas

Últimas