MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

27/06/2025 08:00

Orçamento Regional 2025: a estabilidade que nos foi prometida ou a impunidade que se instalou?

Mesmo sem representação parlamentar, o PAN Madeira não virou a cara ao trabalho. Analisámos o orçamento, acompanhámos o debate, ouvimos a sociedade — e não ficámos em silêncio.

Este orçamento falha onde mais se exigia visão: na proteção do nosso património natural e na justiça social. É incompreensível e inaceitável a ideia de privatizar as levadas — um recurso histórico, coletivo e vital. Privatizar é alienar o futuro.

Na causa animal, é lamentável o retrocesso: desapareceram verbas para vacinação e esterilização, antes previstas e essenciais para um controlo ético da população animal. Lamentamos igualmente a ausência de referência à criação do crematório regional ou ao tão necessário hospital veterinário público — medidas com impacto real nas vidas dos animais e das famílias.

Na educação, a prometida vinculação estável dos docentes ao fim de três anos foi reduzida a migalhas, mantendo-se as desigualdades entre grupos de recrutamento. A valorização dos bombeiros — uma bandeira do PAN — mantém-se, e ainda bem, mas continua aquém face ao esforço exigido.

A revisão do SIADAP contorna o debate sobre quotas, mas reduz pontos sem garantir justiça. Aguardamos a concretização do banco de leite materno no novo hospital — sinal de progresso e humanização. Medidas como a continuidade do Centro de Juventude do Caniço ou o suplemento de penosidade para polícias florestais são passos certos — com marca PAN. Também no apoio a vítimas de violência doméstica e na igualdade de género o PAN deixou a sua marca.

(A título de nota: há quem se louve por garantir seis medidas no orçamento. O PAN conseguiu 86. Fomos criticados por aprovar orçamentos num tempo em que ainda se podia negociar. Hoje, abstêm-se por muito menos — e ninguém questiona.)

Voltando ao essencial, na habitação e causa ambiental, o orçamento acena com promessas, mas falta-lhe coragem. Não precisamos de mais campos de golfe — precisamos de espaços verdes, jardins, zonas de lazer. E mais do que prédios, precisamos de planeamento com qualidade de vida.

É urgente fiscalizar apoios, reforçar equipas multidisciplinares, desburocratizar serviços e flexibilizar o acompanhamento social. Em vez disso, continuam propostas que tratam a pobreza como um incómodo a ser “compensado” com atividades “úteis”, quando devíamos garantir dignidade e condições reais.

Este orçamento não reflete as vozes do terreno — reflete o comodismo de quem não quer ouvir. E quando, na Assembleia, se diz “gaja” a deputadas ou se chama “palhaço-mor” a deputados eleitos, percebemos o que realmente venceu: não foi a estabilidade. Foi a impunidade.

OPINIÃO EM DESTAQUE
Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira
18/12/2025 08:00

Há uma dor estranha, quase impossível de explicar, que nasce quando alguém que amamos continua aqui... mas, aos poucos, deixa de estar. Não há funerais,...

Ver todos os artigos

88.8 RJM Rádio Jornal da Madeira RÁDIO 88.8 RJM MADEIRA

Ligue-se às Redes RJM 88.8FM

Emissão Online

Em direto

Ouvir Agora
INQUÉRITO / SONDAGEM

Concorda com a entrega do Prémio Nobel da Paz a Maria Corina Machado?

Enviar Resultados
RJM PODCASTS

Mais Lidas

Últimas