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Artigo de Opinião

Advogada

6/04/2022 08:00

Neste mundo…, quantos bebés, quantas crianças, quantos jovens não sofrerão pelo simples facto de não conseguirmos ver a vida com o olhar dos mais simples, com o olhar da misericórdia que coloca o coração do outro no meu coração e que nos impele a atuar, a pugnar, a trabalhar por um mundo em que tudo devemos fazer para não causar sofrimento ao próximo e em que igualmente somos "capacitados para viver a incapacidade, provocada pela dor, com outro ânimo e com outro olhar" - de profunda esperança!

Efetivamente, e tal como nos ensina Clarice Lispector, "A missão não é leve: cada homem é responsável pelo mundo inteiro" …, daí que não possamos pensar que são apenas estes ou aqueles que devem fazer acontecer o bem, as melhores políticas…, Não! Todos somos responsáveis por construir um mundo melhor em que "a vida dos fracos vale tanto como a dos fortes. A vida dos pobres vale o mesmo que a dos poderosos. A vida dos doentes tem um valor idêntico à vida dos saudáveis ".

Façamos na Saúde, na Educação, na Economia e na Justiça uma análise, verdadeiramente, desempoeirada de interesses próprios e corporativistas e percebamos o que urge construir, qual o caminho que deve ser trilhado para que possamos sair de um certo marasmo que apenas está atento ao imediato e que a todos tanto prejudica.

Verifico, com profunda tristeza, que, nas doze grandes prioridades do programa de governo, a Justiça é uma vez mais postergada e com tal omissão quem sofre é aquele que a ela recorre em situação de grande fragilidade e que não consegue alcançar em tempo útil a adequada resposta ao seu caso em concreto.

Ora, porque todos somos responsáveis, então, sigamos o apelo de António Barreto e que as instituições judiciárias, tribunais e conselhos superiores, organizações profissionais, universidades e imprensa, se reúnam e apresentem ao Governo uma proposta de profunda reforma da Justiça que é tão necessária para o nosso país!

Aliás, a Associação Sindical dos Juízes Portugueses percebendo que a Justiça continuaria esquecida decidiu criar um "think tank" em torno do tema "Tribunais, Estado de Direito e Governação da Justiça" que conta com a colaboração de ilustres Magistrados Judiciais, Magistrados do Ministério Público, Advogados, Professores Universitários, bem como com a participação dos órgãos da Ordem dos Advogados.

Este "think tank" constitui, sem dúvida, um olhar atento por parte de quem diariamente vive a Justiça, que se confronta com o sofrimento do outro e que no seu coração carrega o coração dos que se encontram atormentados e que poderá fazer alguma diferença neste período de quatro anos para a Justiça Portuguesa.

Que assim seja e que não tenhamos dúvidas de que nada fazemos sozinhos que "nascemos nas tarefas e na partilha, nascemos nos gestos ou para lá dos gestos. Nascemos dentro de nós e no coração de Deus."

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