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Artigo de Opinião

Antropóloga / Investigadora

6/11/2023 08:00

Sempre aprendi que devemos tratar todos por igual. Não é pelo facto de se ter um curso ou um cargo importante que não devemos ter o mesmo respeito com alguém que tenha poucas posses económicas. Não é pelo facto de se ter dinheiro ou um cargo superior, que dá o direito de rebaixar o outro. Tanto ricos como pobres, merecem o mesmo tipo de respeito e consideração. Para mim, isto é uma questão de educação, mas não da escola, mas sim da do "berço". É algo que se aprende com os nossos.

Passamos a vida a elogiar o facto de vivermos numa sociedade supostamente democrática e livre em que conquistámos o direito de ter a nossa própria opinião e de a podermos expressar, de valorizar ou criticar conforme os nossos padrões e, ainda, de termos a possibilidade de não concordar seja com quem for e de nos exprimirmos em conformidade. Mas, "a liberdade de cada um termina onde começa a liberdade do outro", como dizia o filósofo Herbert Spencer.

Continua a existir quem não entenda o verdadeiro significado das palavras "liberdade", "respeito" e "humildade".

Durante esta semana, vi situações que me deixaram completamente incrédula. Situações como por exemplo: interrupções e atrasos nos transportes públicos em que as pessoas perdem a paciência e acabam por insultar umas às outras, juntando uma série de ordinarices e palavrões. Ou nos serviços públicos - escolas, centros de saúde, finanças, etc - e vejo idosos a tolerar a má educação, a falta de sensibilidade e consideração dos funcionários, ao fim de horas e horas a aguardar para serem atendidos. Ou quando vejo alguém com um cargo importante de uma determinada empresa, que passa por uma senhora que trabalha nas limpezas e não é capaz de dar um simples "bom dia" ou um "obrigado", e ainda olha por cima, mostrando aquele ar de superioridade. Isto são situações do nosso dia a dia e que refletem a nossa sociedade.

Sinto um misto de vergonha alheia, com repulsa, e até raiva ao ver este tipo de situações, que, pelos vistos, é uma constante diária estando aos olhos de todos. É recorrente este tipo de comportamentos extremos, de falta de noção e de consideração para com o outro e que nada têm a ver com sociedades desenvolvidas. Expõem-se vidas na praça pública, lançam-se suspeições infundadas, ridicularizam-se e ofendem-se pessoas, às vezes, apenas e só por uma frase menos feliz.

Ter mau feitio ou mesmo dinheiro, posses económicas, cargos importantes, educação, não dá o direito de enxovalhar, humilhar, pisar e agredir verbalmente os outros só porque sim ou porque, de repente, achamos que liberdade é isto. Esta falta de consideração, de respeito e de educação com que se invade a vida e o dia a dia dos outros é tudo menos liberdade. É feio e maldoso.

Será este mundo que queremos viver? Sei que isto não é de hoje e que será sempre assim. Mas vale apenas expor esta situação e afirmar que tudo começa com a tomada de consciência e da visão da realidade. Muitas vezes, nos é dito que o futuro somos nós que construímos. Vamos tomar posse disso e agir ativamente em busca desse amanhã decente e justo!

OPINIÃO EM DESTAQUE
Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira
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