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Artigo de Opinião

Investigador na área da Educação

26/05/2025 07:30

Em Portugal o número de trabalhadores ascende globalmente a 5,1 milhões. Cerca de 34% têm, pelo menos, o ensino superior. Paralelamente, são apenas perto de 28% de empregadores, que completaram este nível de ensino. Temos assim, entre nós, o facto de os trabalhadores portugueses possuírem um nível de escolaridade mais elevado do que os empregadores. Não obstante, e em concreto, outro indicador assinala, que são cerca de um quarto, dos trabalhadores, que recebem o equivalente ao salário mínimo nacional.

Estes são dados atuais, reais, e que, em boa hora, o mais recente estudo da PORDATA sobre o perfil do trabalhador em Portugal, nos trouxe ao conhecimento.

Já em 2018, aliás, a FFMS deu à estampa um relevante estudo: Do made in ao created in: Um novo paradigma para a economia portuguesa, assim se denominava. Aqui, de forma assertiva, assinala-se que nas nossas empresas apenas um terço é administrada por gestores com formação superior qualificada. Concretamente, apenas um terço de todas as empresas tinham um administrador com escolaridade ao nível do ensino universitário. De resto, concluía-se que “esta proporção sobe aos 45% se excluírem as microempresas e olharmos apenas para as PME”.

Comparando, em termos europeus, “dos 23 países com dados disponíveis para 2024, Portugal é o país que tem maior proporção de empregadores sem escolaridade ou com o ensino básico no total dos empregadores”. A média da UE é de 16%, enquanto em Portugal se verifica um valor de 42% de empregadores com o menor nível de ensino”. Merece realce o facto, ainda, de em 10 anos, até 2024, 700 mil trabalhadores terem obtido o ensino superior, o que traduz uma subida de 61,8% face a 2014, ano em que os que tinham este nível de ensino representavam 25%.

Querer convergir com os referenciais internacionais significa, portanto, para Portugal, um investimento crucial, particularmente apostando na prioridade aos sistemas de educação e formação.

Mais que discursos, urge fazer coincidir os ideais políticos com efetivas opções de política educativa e afetação dos recursos.

De resto, hoje, mais que nunca, o nível de formação dos gestores está, também, cumpre enfatizá-lo, indissociavelmente ligado à produtividade. Os indicadores internacionais estabelecem este nexo e apontam esta realidade como item relevante para as empresas se tornarem exportadoras e líderes no seu setor.

Já o afirmámos, e é nossa posição de princípio, ser inexorável ultrapassar uma visão deveras dualizada da nossa sociedade. Deve permitir-se a cada trabalhador individualmente, ou coletivamente, independentemente do tipo de vínculo contratual, aceder à educação e melhorar as perspetivas de emprego, reduzindo entraves, melhorando recursos e criando estímulos remuneratórios, mediante perspetivas de progressão na carreira, valorização da saúde mental e do bem-estar, trabalho remoto, horários flexíveis, prémios de desempenho, incentivo à (re)qualificação, etc. Mas, do lado dos empregadores, semelhante ideal tem de ser alcançado. É que, também aqui, é determinante encontrar mecanismos que levem à criação de condições, que assegurem a atratibilidade e fixação dos melhores -cumprindo a coesão dos portugueses, assegurando-se o devido reconhecimento das qualificações e do mérito.

Não descuremos, ainda, que com a globalização e com os novos desafios da era digital, o mercado de trabalho está a agravar as desigualdades sociais, em especial entre os jovens, pelo que aquilo que vinha sendo apresentado como um dos efeitos mais pertinentes, em termos de estruturas socioeconómicas do país, o aumento das qualificações, só por si, fica longe de ter o efeito de “elevador social” anunciado.

Convenhamos, portanto, que não é de todo possível atualmente desligar a formação dos melhores índices de produtividade e inovação das empresas e com isto tornarem-se, as mesmas, internacionalmente competitivas, sem atendermos aos gestores e líderes de topo -justamente nas empresas de pequena e média dimensão-, apenas nos focando na qualificação (importante) dos trabalhadores.

OPINIÃO EM DESTAQUE
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