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Artigo de Opinião

15/11/2022 08:00

Vem isto a propósito de mais uma bizarria do Presidente da República Portuguesa e de mais uma aguinha morna e mais paninhos quentes, colocados sobre o acontecimento. O pior é que também pelos próprios visados!

O Povo tem um dito muito certeiro, o de que "quem muito se agacha…".

Marcelo Rebelo de Sousa, que tem feito trapalhada sobre trapalhada (já aqui escrevi sobre isso e nem consegui referir todas as asneiras recentes no espaço de dois artigos!), falando por tudo e por nada, fazendo segundas, terceiras e quartas declarações, supostamente para explicar o que disse antes mas piorando as coisas quase sempre, conseguiu atropelar o seu próprio estatuto de figura decorativa de uma República sem rumo nem sonho.

Marcelo disse a uma ministra que "Super infeliz para si será o dia em que descubra que a taxa de execução dos fundos não é a que acho que deve ser. Nesse caso não lhe perdoo".

Disse-o numa intervenção pública, à frente não só da ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa mas também de autarcas e outros atores políticos relevantes de nível regional e nacional.

Quando um Presidente da República ameaça uma ministra, ele está não só a subordinar o Governo como a passar a mensagem para o Povo de que, se eles se portarem mal cá estou eu para o puxar de orelhas.

Isso é mesmo coisa de que o Povo mais gosta. Pessoas que ralham com os políticos e os "colocam na linha".

Marcelo sabe bem disso.

Sabe bem o que fez. Sabe bem o efeito político de simpatia que recolhe, ao fazer estes "ralhetes infantis" na praça pública.

Mas isso é tudo o que não se deve esperar da primeira figura do Estado.

Não se deve, mas de Marcelo esperamos. Tudo!

A sua glória pessoal. Os "créditos" que acrescentou com esta tirada à sua popularidade já de si grande, não são o que o deve mover.

Com esta sua tirada, mais uma, não só não ajuda à credibilização da política, como alimenta uma certa ideia, cultivada por muitos, de que a política e os políticos são pessoas pouco confiáveis, de quem se deve desconfiar e que fazem pouco ou nenhum.

Aliás, Marcelo sabe bem o que quer capitalizar ao fazer esta declaração em público.

Mas igualmente mau é a forma como a visada e o Primeiro-ministro, depois, reagiram.

Ana Abrunhosa, comentando este ataque, balbuciou que "a preocupação o PR sobre os fundos europeus é legítima e a forma informal como se lhe dirigiu é porque tem amizade à ministra".

António Costa comentou, desvalorizando e falando de "criatividade".

Pois é. O problema mora mesmo nesta tentativa de fazer de conta que não foi nada. Não foi por mal. É amizade. É criatividade.

É precisamente esta atitude, de esconder-se debaixo da mesa, de encolher-se a ver se não levam mais, o que degrada a imagem dos políticos.

Quem não faz política de cabeça erguida, pactua com a menorização, com o apoucar desta nobre função ao serviço da causa pública, com o denegrir do papel que momentaneamente aceitaram assumir, só acrescenta descrédito ao descrédito!

E a primeira figura do Estado, não só fomenta como parece conviver bem com isto. Ele e os demais!

Depois, lamentem em privado o que não têm coragem de defender em público: a Dignidade da Política!

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