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Artigo de Opinião

Conselheiro das Comunidades - África do Sul

30/07/2021 08:01

Os protestos que inicial e aparentemente eram para apoio à campanha #Free Zuma tornaram-se numa feroz criminalidade oportunista, com estabelecimentos comerciais grandes e pequenos, de pretos e brancos a sofrerem saques devastadores, prédios incendiados e incontáveis atos de selvajaria e morte que resultaram em mais de três centenas de óbitos, incluindo duas crianças e a perda de mais de cento e cinquenta mil postos de trabalho.

Convenhamos, que estes protestos, como constatámos não foram de cariz xenófobo ou racial, podem muito bem ter sido uma protagonização de etnicidade ou uma insurreição, com as consequências funestas que observámos, durante a semana que ocorreram e que se prolongarão no futuro, produto de uma resultante de desentendimentos e de uma expressão de brutalidade criminosa de africanos contra africanos, tudo para libertar e proteger "o nosso herói terribilíssimo", "o nosso presidente" chamado Jacob Zuma, algo que perpassa tudo o que é aceitável fazendo germinar as sementes do rancor em quase todas as direções, enfraquecendo ainda mais uma sociedade em si já muito fragilizada e extremamente sofrida, que não merecia o cataclismo que sobre ela abateu.

O que dizer, ou melhor, o que perguntar aos pais saqueadores, incendiários, sabotadores e anarquistas que durante este pandemónio pediam aos filhos para ajudarem nos saques e a transportar o produto desses saques indiscriminados, qual o futuro próximo e comportamento que esperam de ora avante após a tragédia desavergonhada e sem precedentes de ações violentas, saques, roubos e mortes que a todos empobreceu, como pudemos testemunhar durante estes desacatos os quais também crivaram as relações raciais melhoradas durante vinte sete anos provocando uma deflexão supérflua e profusa.

Este tsunami insurrecional não foi com certeza uma efusão de fúria espontânea das "massas muito sofridas" a exigirem a libertação do "presidente do povo" foi liderada por homens conduzindo automóveis de topo de gama de preços exorbitantes, modificados com "hatchback" para produzirem sons de explosões quando fazem as mudanças de uma das cinco velocidades e cujas chapas de matrícula atraiçoam não só a classe social a que pertencem, mas também o próprio estatuto de instigadores.

O que é certo é de que toda esta rede convergente ao redor de Zuma apresenta uma ameaça existencial ao ANC, partido governamental há vinte sete anos, em que uma fação a partir do seio do partido insiste em preservar a integridade da grandeza que foi como movimento de libertação, enquanto a outra fação se recusa a entregar o poder sem traições, lutas ou manobras perigosas como estas que nos é dado a observar. O que é revoltante e desprezível, é o facto dos arquitetos da campanha #Free Zuma, só serem visíveis nas redes sociais e como cobardes que são e se prezam, deixam os asselvajados que deram luz verde a toda esta violência destruidora de meios de vida, de bens, de famílias agora sem pão, revelam-se incapazes de controlar o monstro que criaram que poderá voltar a fazer o mesmo daqui a uns tempos, e por isso, nesta hora grave da permanência da Comunidade devido às adversidades que acometeram este país de acolhimento, há que estar unidos e cuidando uns dos outros, para podermos resistir às temíveis procelas de um retorno com todos os seus dramas que terá efeitos devastadores muito piores dos que se verificaram, com o adeus àquilo que outrora foi o ultramar português ou áquilo que é agora, a Venezuela.

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