Inquietava-me constatar que o concelho que congregava uma comunidade humana trabalhadora, criativa e resiliente; que o território que reunia os ex-libris e as paisagens mais emblemáticas do destino Madeira, não desempenhava o papel que lhe era devido no contexto Regional.
Confesso, mesmo, que, de entre as insuficiências diagnosticadas - que eram muitas -, havia, em especial, um facto que me perturbava: a «mais bela Baía do mundo» não dispunha de uma única unidade hoteleira, para acolher os turistas que a visitavam. Numa região turística de excelência, como é a Madeira, a oferta hoteleira da baixa da cidade, e do concelho de Câmara de Lobos no seu todo, era - e ainda é - desproporcional face ao seu valor intrínseco.
Afirmo que foi preciso "partir muita pedra" para realinhar o destino de Câmara de Lobos. Não foi fácil! Mas, com o espírito intrépido dos "xavelhas" que se fazem ao mar revolto, enfrentamos receios e preconceitos. Com a paciência dos "vilhões" que lavram a terra dura, transformamos este território numa terra dinâmica, desenvolvida e acolhedora.
Hoje, Câmara de Lobos é apetecível para viver e investir! Com muito esforço e luta, quebrámos o mito que esta era apenas uma terra de passagem. Hoje, Câmara de Lobos é a terra que cada vez mais pessoas escolhem para viver e admirar!
Para aqui chegar foi preciso ir muito além das "narrativas" e rejeitar as políticas instantâneas muito em voga, pois não há ilusão que resista ao teste da realidade. Por isso, com os olhos focados no futuro, congregamos vontades e encontramos na nossa identidade cultural, paisagística e patrimonial, a inspiração para construir políticas estruturantes e duradouras.
Há, contudo, ainda muito caminho a percorrer. Por isso, sem receios e temores, é preciso continuar a modernizar o concelho e afirmar a sua vocação turística, agrícola e piscatória. Com arrojo e realismo, é preciso combater os modismos, e comodismos, que resistem ao progresso. Com sabedoria e equilíbrio, é preciso continuar a modernizar a economia e atrair novos investimentos.
Câmara de Lobos não é uma "ilha à parte", como tal não somos alheios aos desafios globais atuais. Por isso, as nossas opções políticas, de âmbito local, devem concorrer para os desafios do desenvolvimento sustentável e para reforçar a coesão económico-social.
A criação da Área Protegida do Cabo Girão, a regeneração urbana das freguesias em curso ou a dinamização do projeto de arte de rua na baixa da cidade, são apenas alguns exemplos de que através da valorização do património e da sustentabilidade de recursos, é possível reforçar a competitividade e atratividade do concelho. A política de ordenamento do território prosseguida na última década, o investimento na educação e na capacitação das pessoas, a aposta na cultura e na valorização da nossa identidade ou a modernização do setor agrícola, são outros exemplos que é possível compatibilizar o progresso social e económico, preservando a nossa identidade e os nossos recursos.
Mais do que um concelho na moda, Câmara de Lobos é, sem dúvida, uma terra com futuro!