No plano interno da Região Autónoma da Madeira, ao nível dos seus partidos e protagonistas políticos, ficou bem claro que ninguém pode cantar vitória. Desde logo, porque PSD/CDS e PS dividiram o número de deputados eleitos.
Mesmo ficando a apenas dois mil votos de ‘angariar’ o quarto deputado - o que elevaria a derrota do PS-Madeira para um patamar mais expressivo - a coligação PSD/CDS não conseguiu um resultado satisfatório. Num caso e noutro, e mesmo que não lhes apeteça nem seja cómodo, haverá muito para discutir e duvidar sobre as listas de candidatos apresentados.
A outro nível, o das 14 candidaturas que não elegeram ninguém, há também muito por onde refletir. E nem todas as conclusões são abonatórias para os seus responsáveis, a começar pelas estruturas conservadoras da CDU, BE e afins, ultrapassadas nos discursos cansados e repetitivos.
Merece destaque a votação alcançada pelo ‘Chega’, mesmo sem ter na Região representantes com um discurso esclarecido e adequado à mensagem que tem ecoado desde o território continental.
Votos desperdiçados
Bem mais preocupante é o tema dos votos desperdiçados. Um dossiê que não pode cair no esquecimento, mais uma vez. É demasiado grave que mais de 33 mil votos, efetivamente remetidos para dentro das urnas, acabem por não contar rigorosamente para nada.
Portugal tem uma Lei Eleitoral desfasada da realidade e do respeito pelo cumprimento do dever cívico. Os partidos, o Presidente da República e todas as organizações cívicas do nosso País têm pela frente mais um ciclo - um mandato e quatro sessões legislativas - em que será possível discutir e apresentar uma nova Lei Eleitoral, num processo de amadurecimento que pode e dever distanciar-se de quaisquer dissabores eleitorais pontuais.
Todos os votos de todos os portugueses devem contar. É esse respeito que falta
impor.