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Artigo de Opinião

Directora Business Development

8/03/2021 07:45

O fim da monarquia (em 1910), seguido pela 1a República, o Estado Novo (em 1933) e a democracia (em Abril de 1974). Ao longo destes regimes, o papel da mulher na sociedade portuguesa foi evoluindo de forma tímida, passando por alguns recuos que viriam a ser ultrapassados, mais tarde, apartir dos anos 50 e 60. Contudo foi em Abril de 74, que a mulher portuguesa viu significativas alteraç?es na esfera jurídica, que lhe viriam a abrir caminho à transformação da sua posição como cidadã e mulher ativa na sociedade que florescia, nomeadamente o direito ao voto, acesso a cargo da administração local, acesso a uma carreira diplomática e a magistratura judicial.

Mulheres portuguesas como a Dra. Beatriz Ângelo (primeira mulher a votar em Portugal em 1911, que aproveitando a ambiguidade da Lei, vota para a Assembleia dos Constituintes, mas vê a Lei ser alterada logo de seguida em 1913, inviabilizando novamente as mulheres ao voto, por mais 60 anos), a Dra Adelaide Cabete (acérrima defensora dos direitos das mulheres portuguesas, em finais do século XIX, princípio do século XX e fundadora do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas), as Três Marias, Maria Velho da Costa, Maria Teresa Horta e Maria Isabel Barreno, com a sua obra conjunta "Novas Cartas Portuguesas" (obra esta que foi censurada no inicio dos anos 70, pelo seu teor considerado "pornográfico e atentatório da moral pública"), até mesmo Catarina Eufémia (simbolo da resistência contra o domínio dictatorial de Salazar) e Maria de Lurdes Pintassilgo (primeira e única mulher até hoje, a desempenhar o cargo de Primeiro Ministro em Portugal). Todas contribuiram para que as mulheres portuguesas ganhassem maior espaço e visibilidade no panorama politico, jurídico, social, económico, científico, literário e até mesmo familiar.

O acesso das mulheres à educação em Portugal, no príncipio do século XX, era escasso e a educação existente era maioritariamente focada no desempenho de papéis sociais, estrutura familiar e com uma grande componente religiosa. Os republicanos vieram introduzir uma nova dinâmico na trajectória da educação das mulheres em Portugal, muito marcada pela abertura do primeiro liceu feminino português, o Liceu Maria Pia, em Lisboa, seguido pela abertura do liceu feminino no Porto e em Coimbra. Em 1930, 69% das mulheres portuguesas com dez ou mais anos eram analfabetas. Mas mesmo assim, à data já havia sido percorrido um caminho positivo na educação das mulheres em Portugal. O Estado Novo de Salazar, veio desacelarar o progresso tímido que se fazia, introduzindo uma componente mais conservadora e católica, adicionando traços discriminatórios no Código do Processo Civil de 1939, dando maior poder ao marido sobre as mulheres, numa viragem do papel da mulher na sociedade e um retorno ao lar. A Revolução de Abril de 1974, veio trazer às mulheres portuguesas, a igualdade em oportunidades e tratamento no trabalho, aos olhos da lei, que tanto ambicionavam.

A maior conquista das mulheres portuguesas ao longo dos tempos tem sido a alfabetização e o poder que representa. Nunca a mulher portuguesa foi tão livre como actualmente. Educação é liberdade - liberdade para pensar, liberdade para reflectir, liberdade para aprender, liberdade para escolher, liberdade para tomar decis?es, liberdade para traçar o seu rumo e a sua trajectória.

Actualmente as mulheres representam ¾ do número total de analfabetos no mundo, ou seja em cada 4 analfabetos no mundo, 3 são mulheres. O Dia Internacional da Mulher que hoje se celebra vem nos lembrar que existe muito ainda a ser feito, em prol de uma sociedade mais justa e equitativa, em que homens e mulheres trabalham em conjunto para esse equilibrio, que se consegue mais facilmente com educação e conhecimento.

Cristina Andrade Correia escreve
à segunda-feira, de 4 em 4 semanas

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