MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

Mas apesar do apoio generalizado que tem sido prestado à Ucrânia, os países de leste e os bálticos - com a Polónia quase sempre na dianteira -, têm estado na linha da frente na defesa de um maior apoio aquele país - a proximidade territorial e a história explicam grande parte deste fenómeno -, com alguns a admitir mesmo um processo mais acelerado de adesão daquele país à UE, numa espécie de "via verde".

Ora, esta situação, para além de levantar questões de equidade com outros países candidatos, nomeadamente dos Balcãs - no mínimo, difíceis de justificar -, tem suscitado uma legítima preocupação, que se prende com a capacidade de absorção de novos Estados-Membros por parte da UE - uma discussão que começa a emergir para o topo da agenda europeia.

E as preocupações são totalmente legítimas, já que as primeiras estimativas indicam que com a adesão à UE, a Ucrânia ficaria com 35% dos fundos de coesão e com 25% das verbas da PAC, absorvendo, no total, cerca de um terço do orçamento global da UE!

É por mais evidente que a UE não está em condições de admitir um novo membro que provoque tamanho impato na redistribuição dos fundos - isto para falar apenas do desafio orçamental -, sendo que mesmo os países de leste mais defensores da adesão terão as suas reservas (embora sem as revelar), como pode ser confirmado com a recente decisão unilateral da Polónia, Hungria, Eslováquia e Bulgária de proibir a importação de cereais ucranianos, como forma de proteger os seus agricultores, a braços com graves dificuldades em virtude da concorrência daqueles produtos.

A questão é que dizer "não" à Ucrânia é politicamente complexo, dada a ameaça que se encontra do outro lado da barricada. Mas está a chegar o momento em que a UE de enfrentar a realidade, e esta indica claramente que apesar de toda a boa-vontade, não existem, objetivamente, condições para alargar a UE a outros Estados-Membros, tamanhas são as dificuldades que o projeto europeu enfrenta atualmente dentro de portas.

Mas com ou sem alargamento, a verdade é que haverá uma cada vez maior pressão orçamental na UE, dada a necessidade de continuar a apoiar a Ucrânia e os Estados-Membros mais afetados, o que fará aumentar a pressão para a redução das verbas da política de coesão e da PAC - algo a que teremos de estar atentos já na proposta de revisão intercalar do quadro financeiro plurianual, prevista para ser apresentada em junho próximo.

Neste contexto, é essencial que na Região continuemos a dar os passos certos para o aproveitamento até ao último cêntimo de todos os apoios comunitários que teremos à nossa disposição até 2027 - num montante global "histórico" na ordem dos dois mil milhões de euros -, já que em nenhum outro momento dificilmente teremos uma oportunidade como esta para levar a cabo medidas e projetos estruturantes, que nos torne menos vulneráveis no futuro aos apoios de terceiros, incluindo dos fundos comunitários.

OPINIÃO EM DESTAQUE

88.8 RJM Rádio Jornal da Madeira RÁDIO 88.8 RJM MADEIRA

Ligue-se às Redes RJM 88.8FM

Emissão Online

Em direto

Ouvir Agora
INQUÉRITO / SONDAGEM

Quem acha que vai governar a Região após as eleições de 26 de maio?

Enviar Resultados

Mais Lidas

Últimas