A minha última questão para aos membros do painel foi sobre as competências que as pessoas devem ter para ter sucesso no mundo atual e futuro.

É a estas competências que dedico este artigo. Pensamento crítico, pensamento sistémico e curiosidade foram as competências apontadas por um dos oradores. Destas três o pensamento sistémico foi a que mais me despertou a atenção. Diariamente somos confrontados com imensa informação e é, de facto, importante estar ciente das partes conectadas e inter-relacionadas e da previsibilidade de alguns elementos. Esta pode ser aprendida analisando sistemas complexos, percebendo as conexões e procurando soluções que impactam todo o sistema.

A inteligência emocional e a empatia foram outras competências que vieram à discussão. Durante os dois anos de pandemia, em que a nossa comunicação foi altamente mediada pela tecnologia, perdeu-se a capacidade de ler as emoções do outro perante uma determinada situação. E com esta lastimável perda também se foi perdendo a empatia. Estas são competências essenciais num mundo cada mais tecnológico, mas onde o mais importante continuam a ser as pessoas e as suas relações.

Aprender a viver neste mundo altamente digital significa estar consciente dos perigos de usar este espaço - o digital - para comunicar e trabalhar. Estar consciente dos hackers, phishing, violações de privacidade, cyberbullying entre outros, e ter ferramentas para manter-se seguro. Ligada a esta aprendizagem está a consciência ética que é também uma competência importante a aprender. A transformação digital deu origem a novo conjunto de desafios éticos que deverão ser superados com o desenvolvimento deste tipo de competência. Erros éticos no mundo digital podem ter consequências irremediáveis na vida das pessoas.

Aprender a gerir o tempo é fundamental no mundo atual e futuro. Diariamente somos constantemente intercetados pelas mensagens quer seja, por correio eletrónico, por WhatsApp ou outro meio digital, com assuntos urgentes para resolver. Por vezes é difícil manter a concentração e produção ao mais alto nível. Aprender a gerir o seu tempo implica saber a que horas se é mais produtivo e usar esse tempo com sabedoria, reservando as horas menos produtivas para as tarefas que exigem menos concentração.

Apesar de ser importante desenvolver competências técnicas e tecnológicas para viver e trabalhar num mundo cada vez mais tecnológico e digital, as competências interpessoais e de comunicação/relação entre as pessoas continuam a ser fundamentais. Humanizar a sociedade, apesar das tecnologias, a meu ver, tem de ser a prioridade.