Foi no passado dia 16 de outubro que voltámos a celebrar o Dia Mundial da Alimentação. Um dia que serve não só para relembrar as regras de uma alimentação saudável, através de ações de promoção, mas acima de tudo para falar de temas como sustentabilidade e acessibilidade a alimentos seguros e de qualidade para todos.
Este é um dia estabelecido pela FAO, Food and Agriculture Organization, em 1979 e celebrado desde 1981, com o propósito de sensibilizar para a fome, para a insegurança alimentar e para a nutrição, incentivando ações para a segurança alimentar global. A cada ano que passa, a FAO define um novo tema de debate sendo o deste ano “De mãos dadas para melhores alimentos e um futuro melhor”. De acordo com a FAO, o objetivo anual de 2025 apela “à colaboração global na criação de um futuro pacífico, sustentável, próspero e com segurança alimentar.” Acrescenta ainda a importância de “trabalhar em conjunto - entre governos, organizações, setores e comunidades - para transformar os sistemas agroalimentares para garantir que todos tenham acesso a uma dieta saudável, vivendo em harmonia com o planeta.”
E esta é, sem dúvida, uma questão pertinente que não deve ser lembrada apenas nesta altura do ano. Comida é vida. Sem nutrientes - o nosso combustível - não é possível produzir energia de forma eficiente para estarmos vivos. Então sendo esta uma necessidade tão básica, como é que pode ser tratada, tantas vezes, com tanta leveza?
De acordo ainda com a FAO, estima-se que 673 milhões de pessoas vivem com fome, em lugares onde a insegurança alimentar é esmagadora. Enquanto, noutras partes do mundo, os níveis crescentes de obesidade e o desperdício alimentar apontam para um sistema desequilibrado, onde abundância, desperdício e ausência de alimentos, coexistem muitas vezes lado a lado.
É um dia para refletir acerca da acessibilidade a alimentos seguros e também acerca dos preços dos alimentos, em constante aumento. O que não é nutricionalmente interessante, muitas vezes, é mais barato e os alimentos que são nutritivos e realmente importantes para a nossa saúde, como legumes, frutas, azeite, proteínas, são cada vez mais caros. Como podemos promover uma alimentação saudável para todos, se os custos dos alimentos saudáveis estão sempre a aumentar e por vezes são inacessíveis a muitas pessoas?
É o momento para refletir acerca do desperdício e para negociar mais estratégias para que tanta comida não vá para o lixo.
É sempre, sempre tempo para refletir. Pensar em adotar opções mais saudáveis e pensar se as opções mais saudáveis estão em conformidade com sistemas agroalimentares menos nefastos para o nosso planeta. É nossa responsabilidade poluir menos e reciclar mais, para proteger o solo, a água e a biodiversidade. Só assim todos os seres vivos poderão alimentar-se com menos plásticos, químicos e toxinas.
E ainda é importante refletir sobre a necessidade que o ser humano sente de criar opções nutricionalmente desinteressantes para se alimentar, em prol do mercado e dos interesses económicos. Se os animais só comem aquilo que biologicamente lhes é necessário, porque é que o ser humano tem necessidade de inventar? Porque não pode simplificar e consumir apenas alimentos verdadeiros? Não será o mais importante a nossa saúde e a saúde da nossa morada?
Que esta reflexão não seja só para um dia. Que tenhamos a capacidade também de lutar por uma alimentação justa para todos e que respeite o planeta. Sendo o ser humano consciente, que seja consciente do presente e do futuro que está a plantar.
Carina Teixeira escreve à segunda-feira, de 4 em 4 semanas.