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Artigo de Opinião

Vice-presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz

9/03/2022 08:00

É já um lugar-comum dizer-se que as mulheres estão cada vez em maior número nas universidades e muitas áreas laborais são já maioritariamente ocupadas pelo sexo feminino. No entanto, a verdade é que continua a existir um tampão que impede o acesso das mulheres a cargos de chefia e liderança, pese embora o reconhecimento da sua competência, da sua entrega e do seu profissionalismo.

Se é certo que as mulheres hoje preferem o acesso aos lugares de topo por mérito e não por quotas, continua a ser incompreensível que o percurso individual, o currículo, o reconhecimento sejam quase que ignorados na hora da escolha para ocuparem cargos mais elevados, quer seja nas organizações, nas empresas ou até mesmo na política. Todos lhes reconhecem o mérito e o contributo de uma visão diferenciada e diferenciadora. Até lhes podem reconhecer muitas vezes as qualidades profissionais, a capacidade de trabalho, a entrega e a inteligência, mas na hora da escolha não raras vezes a avaliação racional dá lugar a uma visão ainda discriminatória, misógina e mesmo machista. Claro que hoje já ninguém gosta de assumir que as suas decisões ainda se baseiam nestes juízos. A visão masculina do mundo, nestes tempos do politicamente correto, exerce-se apenas como um exercício mal disfarçado da piada brejeira, logo negada por quem a esgrime para disfarçar que os seus valores se enquadram ainda num pressuposto de desvalorização do papel da mulher na sociedade.

Esperemos que este sistema de valores seja brevemente abandonado e que cada vez mais vigore uma verdadeira política de igualdade de tratamento e acesso. As mulheres não querem os lugares dos homens, nem têm um projeto de poder, nem querem ocupar os lugares apenas porque acham que têm direito a eles por serem simplesmente mulheres. Mas também não querem o contrário: ou seja, não querem que o acesso aos lugares de decisão lhes seja negado pelo facto de serem simplesmente mulheres.

Querem, no fundo, uma sociedade justa nas suas decisões, racional nas suas escolhas e imparcial nos julgamentos de valor que são feitos à competência, ao trabalho e à capacidade, sejam estes atributos de homens ou de mulheres.

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