MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

Deputado

18/03/2023 08:00

Mais do que um documento, este é um compromisso para a adoção de medidas transformadoras para promoção do desenvolvimento sustentável (ambiental, económico e social). Onde, segundo os nossos governantes, "ninguém ficaria para trás".

Falou-se de um plano de prosperidade, que envolvesse ações sustentáveis para as pessoas e para o planeta, suportado em 169 metas, para erradicar a pobreza e promover uma vida digna para todos, com o devido respeito pelos limites ecológicos do planeta.

Tive o prazer de ser convidado recentemente para um Seminário do Instituto Democrático Europeu, para, em conjunto com diversos especialistas, analisarmos os desafios enfrentados pelas ilhas europeias devido ao impacto das alterações climáticas e à necessidade de implantação das soluções trazidas pela Agenda 2030.

Uma profícua análise e troca de experiências para a recente conjuntura marcada por mudanças como consequência das diferentes crises globais, como as alterações climáticas, a pandemia e os efeitos da guerra na Ucrânia.

E ouvindo as experiências dos nossos colegas espanhóis, italianos, gregos e cipriotas, não pude deixar de sentir uma profunda desilusão (vergonha até) pelos resultados atingidos pela Região Autónoma da Madeira nos últimos anos, o que evidencia uma má estratégia e falta de ambição no compromisso de ultrapassar as nossas desvantagens enquanto Região Ultraperiférica.

Por cá, a propaganda governativa fala frequentemente em "estratégias políticas responsáveis e muito bem definidas, com ambição para governar para a sustentabilidade numa Região com excecionais recursos naturais".

É, de facto, inconsciente falar em sucesso dos objetivos de "erradicar a pobreza", "garantir a todos acesso à saúde" e proteção da vida marinha e dos ecossistemas e biodiversidade (como exemplo), quando a Região continua a assistir a retrocessos nesses mesmos objetivos, com 81 mil pessoas em situação de risco de pobreza e com uma fragmentação do setor da saúde, com cerca de 118 mil atos médicos em espera (o dobro dos existentes em 2015). A estes vergonhosos indicadores, associam-se ainda os destaques negativos do aumento da pressão (e da miopia) política nos ecossistemas e na biodiversidade, onde proliferam verdadeiros atentados espalhados por toda a Região, com o natural destaque para Ginjas e Curral das Freiras, o que torna o cenário muito mais desanimador e trágico.

Nunca tivemos acesso a tanto conhecimento, a tantas fontes de informação e a tanta tecnologia. Pelo que, se não estamos a ter bons resultados, é porque não estamos a tomar boas decisões. E se não temos boas decisões, então é hora de pôr na rua os maus decisores políticos.

Este é o cenário que se vive "a meio caminho" e que pode colocar em causa o alcance das metas até 2030.

Não tenho dúvidas que se não tivermos um maior compromisso, uma maior ambição e uma ação concreta no compromisso com a Agenda 2030, este será simplesmente um documento vazio, e perderemos uma oportunidade única perante os desafios impostos pela mudança climática, reduzir a pobreza e promover a diversidade e a inclusão.

Não é difícil verificar que as crescentes desigualdades e os desenvolvimentos insustentáveis atingiram um nível crítico, e não podemos aguardar mais por uma postura de ação política, de forma a garantir um futuro positivo para todos os nossos cidadãos e comunidades locais.

São necessárias estratégias inovadoras, com criatividade, desenvolvimento digital e implementação de parcerias estratégicas em ações conjuntas de crescimento e competitividade baseada no conhecimento, inovação, tecnologia e boa gestão dos recursos naturais, incluindo o desenvolvimento de novos produtos e serviços para o setor marítimo.

Somos todos agentes de mudança - cidadãos, instituições e empresas - mas só com um verdadeiro esforço coletivo teremos a capacidade de mudar o nosso rumo.

Para isso, precisamos de uma ação rápida, conjunta e determinada que será decisiva para decidirmos o caminho a seguir: garantir uma boa concretização da Agenda 2030 ou condená-la a uma mera utopia, colocando em risco a sustentabilidade do nosso futuro coletivo.

As promessas já nos foram vendidas. E agora? Já podemos começar a falar em "ação"?

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