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Artigo de Opinião

Administrador JM

21/05/2022 08:05

Um dos motivos por que não se pode admitir tanto pobre é o facto de, comprovadamente, dispormos de tantos profissionais e de tantos organismos - a que correspondem imensos recursos públicos - que existem precisamente para atenuar e atalhar o flagelo da pobreza em que vivem muitos madeirenses.

Se os números e as situações reais de pobreza persistem, pode ser também pela inércia ou incapacidade desses profissionais da solidariedade. Portanto, algo haverá para ajustar. Ou até mesmo acabar.

Lá de vez em quando, talvez vezes demais, o tema da pobreza é rebuscado para meras querelas políticas. Parece ter sido o caso da semana que finda, quando o assunto voltou a servir de arma de arremesso entre deputados e também entre deputados e governantes. A verdade é que já os relativizamos, porque os argumentos que apresentam de um lado e de outro são tão inconsistentes, sobretudo mal-intencionados, que convidam a procurar outro assunto para nos preocuparmos.

À margem destas discussões insípidas estão os números desfasados da realidade. Todos sabemos e conhecemos casos concretos que distorcem a realidade pintada pela ‘crueldade’ dos números, que os políticos usam a seu bel-prazer, ora para esconder realidades, ora para ampliá-las, distorcendo.

Há imensos pobres prejudicados por ‘falsos pobres’. Porque uns não beneficiam da fatia a que outros, de forma irregular, se candidatam com sucesso. Sabemos e não denunciamos. Por isso, pactuamos, somos cúmplices.

Também gostamos de fomentar, ao não reprovar, o assistencialismo desnecessário. Quase que batemos palmas ao indivíduo que recusa um trabalho (e um salário mínimo ou um pouco acima disso), porque soma o subsídio do governo ao apoio da autarquia e aquilo fica ‘ela por ela’; portanto, para quê desgastar-se e deslocar-se para ir trabalhar? Com tempo livre, dinheiro na conta e estatuto de ‘pobre’, ainda pode fazer uns biscates e receber mais algum ‘por fora’. Tudo lucro, como se vê, numa ilha onde há empresas e setores de atividade que reclamam, cada vez mais, não haver gente para trabalhar. Temos pobres a mais, e gente disponível para trabalhar, a menos.

Na outra margem, há trabalhadores que continuam abaixo do limiar da pobreza, porque os valores que auferem são tão baixos - e injustos - que mal dão para matar a fome à família. Situações dramáticas muitas vezes agravadas com o infortúnio da doença e outras tragédias.

Perante tudo isto, não devemos distorcer as realidades, como os políticos fazem muitas vezes, jogando com as palavras e com exemplos isolados.

A pobreza existe muito para além do que é admissível. O resto também, e igualmente para além do razoável. Impõem-se medidas concretas para normalizar uma e outra situação. Vamos a isso!

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