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Artigo de Opinião

Psiquiatra

14/11/2023 08:00

Questões simples como "o que vamos comer hoje" assumiram uma importância planetária. E seria para menos? Temos fruta a vir do hemisfério sul mais barata do que a nacional. Comida que viaja diariamente de avião para a mesa de conceituados restaurantes e vendedores. E a quantidade enorme de encomendas online, com tantas distribuidoras a fazerem viagens semelhantes, sem significativa junção de esforços para diminuir a sobrecarga ambiental? Hoje começo sobre o ambiente, para recordar um dos principais problemas do nosso cérebro. Ter demasiado.

Com a facilidade de comunicação, tecnologia e de acesso ao conhecimento, esperávamos que a humanidade entrasse numa era de crescimento exponencial. Infelizmente, recebemos as primeiras notícias que os alunos não aprendem melhor por terem acesso a tecnologia. Pela primeira vez a nova geração é menos inteligente que a anterior, mas nunca se teve acesso a tanto. Se calhar o acesso a tanto, tornou raro o acesso ao mais importante. O bem mais importante da humanidade e do ambiente é a luz solar. A luz simbólica é o farol que tem guiado a humanidade num caminho crescente de respeito e tolerância - a esperança, o bem, o amor, a retidão, o cuidar, ... tantas emoções, ações e estados, refrações da luz original. Mas como se cria a luz simbólica? Através do esforço e dedicação em sermos melhores, em resolvermos os problemas e o sofrimento dos outros. Cria-se quando fazemos o melhor, mesmo quando o pior é mais fácil.

Explodem notícias e opiniões quando a mais recente guerra se instalou. Escolhem-se lados, sabe-se o que é melhor, mas bom, bom, era nada disto ter acontecido. Era suposto estarmos melhores na diplomacia, mas somos rápidos a termos opiniões. E condenamos as opiniões que são diferentes das nossas. Se o fazemos a opiniões, como é que podemos esperar não o fazer a outras diferenças mais evidentes? É assim que a escuridão continua a habitar o nosso cérebro, a humanidade. A corrupção da sociedade é inevitável enquanto a escuridão existir. Não existem suficientes aulas de civismo e moral que salvem a humanidade de si própria.

Desde o início da decadência das redes sociais e da sua excessiva utilização diária, que observamos um aumento significativo de mentiras, o bullying, os deep-fake, fake-news, vigilância e tantos outros problemas. As redes sociais que prometiam a proximidade, não a trouxeram. Trouxeram a discórdia, a anestesia digital e a escuridão. A proximidade nunca esteve relacionada com ouvir uma voz, com ver uma cara ou acompanhar todos os passos de outra pessoa. A proximidade verdadeira encontra-se no nosso coração emocional, na nossa dedicação, amor, respeito a outra pessoa. A sensação de eternidade que se vive num abraço, que se troca num olhar, que se sente há distância, numa memória e na saudade.

Enquanto tivermos escuridão dentro de nós, só a privação moderada nos fará caminhar para a luz. Tanto a privação excessiva, como a oferta excessiva, são parte da doença.

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