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Artigo de Opinião

Presidente do Instituto das Florestas e Conservação da Natureza

30/08/2023 08:00

O Instituto de Florestas e Conservação da Natureza, IP-RAM (IFCN) tem sido visado em alguns desses comentários proferidos pelos partidos políticos da oposição. Natural, num estado democrático os partidos da oposição não concordarem com a política de florestas e conservação da natureza seguida pelo Governo Regional da Madeira (GRM) mas, esquecem-se que esta política é seguida pelo menos há 4 anos, desconhecendo-se comentários realizados durante esse período. A política florestal tem até ciclos bem mais longos, que não se coaduna com ciclos eleitorais, pois a fauna, a flora e mesmo outros elementos naturais, têm os seus ciclos naturais longos e as medidas tomadas num determinado caminho têm de ser implementadas e seguidas, não havendo espaço a indecisões ou recuos a meio do longo caminho a percorrer. O GRM em 2016 aprovou o Plano Regional de Ordenamento Florestal (PROF-RAM), um documento estratégico para o sector que deveria ser lido e do conhecimento dos partidos da oposição, que tem uma vigência de 25 anos, garantindo que a gestão florestal e as medidas implementadas na floresta não se alterem, seguindo um rumo. Na data da aprovação não houve comentários, sugestões ou críticas dos partidos da oposição.

Para corroborar ainda mais este fato, relembro o período de pandemia covid-19, em que praticamente a atividade económica parou, mas não parou o cuidado e ação nas medidas políticas implementadas para a floresta e conservação da natureza. Nessa altura em que não haviam eleições e em que o foco não era a área do ambiente, nenhum partido da oposição falou ou teceu comentários ao estado da floresta, ao estado de conservação dos percursos pedestres classificados ou como estavam os projetos de recuperações de espécies raras e ameaçadas como a Freira da Madeira ou o Lobo Marinho. Nem no verão se preocuparam com a prevenção e combate a incêndios rurais. Mas, esses trabalhos de produção de plantas indígenas em viveiros florestais para podermos obter plantas para os vários projetos de florestação públicos e privados, os cuidados e regas às plantas recentemente plantadas, as ações de monitorização e acompanhamento das espécies raras, ou ainda os trabalhos de prevenção e combate a incêndios florestais foram continuados e mantidos sob pena de se perder o trabalho de décadas.

Mas, verificamos que existem até partidos que em campanha eleitoral prometem plantar uma planta indígena por cada voto obtido. Sobre esta questão, e independentemente do número de votos que possam obter, que se revertem em plantas, tenho de chamar a atenção que as plantas que irão para o terreno este ano foram semeadas há pelo menos 2 anos a esta data, e que a produzir plantas indígenas para esse fim temos apenas os Viveiros Florestais do IFCN que todos os anos produzem aproximadamente 150 000 plantas, pelo que está comprovado que para a concretização de muitas das ideias na área florestal há que pensar a médio e longo prazo, ao contrário de outras áreas da engenharia e da ciência. Além do mais, alerto que as plantas plantadas necessitam de cuidados nos primeiros anos após a plantação, com regas limpeza de mato e até retanchas (reposição das plantas que não sobrevivem), pelo que plantar e não cuidar não garante o sucesso pretendido.

Pois bem, pensemos e falemos da floresta, conservação da natureza e ambiente sempre e não apenas quando há eleições tendo presente que as políticas florestais são definidas a médio e longo prazo, que vão muito além dos ciclos políticos e muito além de campanhas eleitorais.

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