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Artigo de Opinião

Farmacêutico Especialista

23/07/2021 08:01

A vida é claramente este exercício imaginativo, e a criação de máscaras faz parte deste jogo vivencial, ora como forma de proteção e segurança, ora como forma de fanfarronice e poder.

A necessidade de exteriorização, de felicidade, de riqueza, de sabedoria, de poder, resvala sempre para um mecanismo compensatório de uma falha de construção sustentada de vida, isto é, a falta de amor próprio e a pouca consideração sobre a paz necessária para com o seu real valor.

Questiono, será que o ser humano reconhece o seu real valor?

É de facto relevante a consideração, sem qualquer dúvida, de que o homem é um ser efémero e que a sua relevância no contexto do universo é infinitesimal, e que tanto maior será o seu contributo para o universo quanto maior amor conseguir dedicar a tudo o que o rodeia, contribuindo para o equilíbrio no universo, "Pare e escute. A natureza é o grande ensinamento. Viva com simplicidade", para tal o reconhecimento da sua insignificância, é ponto de partida obrigatório para uma vida em paz, estamos de facto de passagem, nós seremos sempre o nosso universo particular, mas o universo que nos rodeia será perene, John Steinbeck apelida-nos de, os fantasmas desta realidade. E não passando de fantasmas que assombram a realidade durante um período muito limitado de tempo, se utilizarmos este tempo para o bem, com partilha de amor, aí seremos unos com o Universo e como tal sem limite temporal de existência.

Mas o Homem actual deambula na mediocridade, tudo começa com a observação da vida como uma competição contínua, uma sociedade que busca vitórias ao invés do sentir a vida e estar presente na mesma, com as suas vicissitudes, alegrias e tristezas. O Homem actual entra em competição com o outro e até consigo mesmo, considera-se mais inteligente que o outro, traço comum à maioria, Camus sobre este facto apresenta uma tirada genial "…tal certeza, aliás, é inconsequente, dado que é partilhada por tantos imbecis".

No fundo o homem endeusou-se em pés de barro, é consciente da sua insignificância, mas o medo que sente, provocado pela impotência que o assoberba perante a realidade, leva-o a rejeitar a mesma, para tal utiliza subterfúgios vivênciais de exteriorização de capacidade ou poder, um processo de negação e recusa, observemos os fenómenos das redes sociais, as pessoas sentem uma necessidade de serem desejadas, seguidas, de marcar a diferença, são os comportamentos desviantes, é a necessidade de afirmação, na realidade a vontade de serem amadas (só o amor existe realmente, tudo o resto são formas de negação do mesmo) mas para isso é forçoso encontrar a paz, com a sua condição terrena de significância limitada, e amar-se a si próprio, Camus assim o afirma: "É assim o Homem, caro senhor, tem duas faces: não pode amar sem se amar."

Esta falta de amor próprio, é resultado da necessidade de posse, de ter, de querer mais, de soberba, de objectivos vazios e supérfluos, de uma desconstrução efabulada do sentido da vida, que tem por base um capitalismo desmesurado, aquele que nos condena ao fim, aquele que só existe num racional de consumo contínuo e crescente, esgotando todos os recursos naturais sendo eles finitos, é este capitalismo o responsável pela 6ª vaga da extinção em massa, que ocorre neste momento de forma silenciosa e ocultada pelos mass-media, o ser Humano despojado de amor fica à mercê de um consumismo que o levará à destruição do planeta.

A Paz, o Amor, a Felicidade, encontram-se na simplicidade da vida, comece pela renúncia espontânea da conveniência própria, busque o seu amor próprio e depois, distribua-o pelo Universo!

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